7º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Reflexão da Liturgia Dominical
Lucas 6,27-38 dá continuidade ao “Sermão da Planície”. Dois versículos sintetizam a sua mensagem: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles... Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,31.36).
Jesus apresenta as exigências do amor cristão. Um amor gratuito, que sabe perdoar, que não julga, é generoso e faz o bem. O amor ao inimigo é a expressão perfeita da gratuidade do ato de amar.
O Pai é a medida do amor. Ele oferece, através de Jesus, o seu coração aos que sofrem, ama de graça. Sempre está pronto a perdoar. Como reza o salmo 102: “O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas” (Sl 102,8-10).
Se Jesus insistiu no mandamento do amor, é porque esta experiência é
fundamental na vida do ser humano. O amor de Deus revelado por Ele é a coisa
mais bela que temos e podemos oferecer. Em Deus que é amor encontramos a
verdade da nossa existência, que ilumina e torna inteligível o nosso ser e o
nosso caminho. É do seu amor que vivemos e é para esse amor que vivemos.
Só nos realizamos no exercício do amor doado e recebido, pois o amor é a
nossa vocação fundamental. Somos um ser para o outro. Só amadurecemos a nossa
personalidade quando sabemos doar e conviver com os outros e suas
particularidades. Só encontramos sentido na vida quando caminhamos com o outro,
como irmãos, no diálogo, no respeito, na tolerância, sabendo acolher as
diferenças, a conviver e integrar-se em comunidade.
É preciso seguir Jesus Cristo, caminho e verdade, nosso Mestre no amor,
especialista em qualidade de vida. É preciso seguir Aquele que plantou no
coração da humanidade as sementes da tolerância, do perdão, da serenidade, da
fraternidade, da justiça e da paz.
O relacionamento humano exige ultrapassar a nós mesmos. Se não temos o
alimento espiritual necessário, curvamo-nos na comodidade, na segurança, ou nos
refugiamos em outras coisas. Precisamos da graça de Deus, da oração, da escuta
da Palavra, da Eucaristia e da Confissão.
Precisamos da unção do Espírito, que nos ajuda a amar e caminhar rumo à santificação. Ele intercede por nós e nos ajuda a ser canais do amor de Deus. Ele nos leva a olhar as pessoas como irmão e irmã.
“Cada palavra, cada gesto, cada telefonema, cada decisão deve ser a coisa mais bela de nossa vida. Reservemos a todos o nosso amor, o nosso sorriso, sem perder um segundo” (Francois X.N. Van Thuan). “Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz” (Madre Teresa de Calcutá).
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo
Diocesano.