Quaresma e Campanha da Fraternidade

“Convertei-vos e crede no Evangelho”

O coração da fé cristã é a Páscoa do Senhor, sua paixão, morte e ressurreição. O kerygma – anúncio, proclama que Jesus é o Senhor, que ele morreu “pelos nossos pecados” e ressuscitou “para nossa justificação” (Rm 4,25; 1 Cor 15,3-4).

A Quaresma nos prepara para a Páscoa. Iniciamos este retiro espiritual com a celebração da Quarta-feira de cinzas, com um pedido de penitência e mudança de vida: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. O horizonte do nosso caminho justifica o apelo: morte e ressurreição de Cristo constituem o mistério pascal. A sua Páscoa se prolonga e se atualiza na liturgia e na nossa vida, também somos chamados a passar dos vícios para as virtudes e da culpa para a graça. Por causa da Páscoa de Cristo procuramos o caminho da conversão e da purificação do pecado, porque fomos salvos pela sua imolação.

Eis a motivação central para vivermos bem a Quaresma: O Senhor nos quer no caminho da santidade, pois pelo Batismo nos tornamos criaturas novas, somos seus filhos (as) e templos do Espírito Santo.

Neste retiro três práticas são essenciais: a oração pessoal, minha participação na oração da Igreja, na liturgia, principalmente na Missa, confissão, escuta da Palavra, leitura espiritual, via sacra; o jejum e a abstinência de algum alimento, mas também o cultivo da pureza, da alegria, da sobriedade, da paciência, do desapego; a esmola, a prática da solidariedade, da justiça, da honestidade, da amizade sincera, do perdão, da tolerância, do diálogo e da paciência.

Além da riqueza de nossa liturgia, no Brasil, desde 1964, a Campanha da Fraternidade (CF) se tornou excelente instrumento para nos ajudar a celebrar a Quaresma. Se há um tema atual, presente e urgente, é o deste ano, quando trata da Educação. “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26), é o lema.

O Objetivo Geral da CF 2022 é: “Promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário”. O Texto-Base segue a dinâmica: escutar, discernir e agir.

Uma tarefa imprescindível da educação é formar a consciência das pessoas. Muito mais do que um ensinamento técnico, trata-se de humanizar e personalizar homem e mulher.

“A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, no qual ele está sozinho com Deus, cuja voz ressoa em seu íntimo” (GS, 16). Em cada pessoa está o desejo de sempre fazer o bem e evitar o mal. É uma lei inscrita por Deus no seu coração.

O único modo de alcançar a maturidade é formar a consciência e ajudar as pessoas a reconhecer a moralidade de um ato. A consciência deve ser educada e bem formada e o juízo moral esclarecido. A educação da consciência é indispensável aos seres humanos, é uma tarefa para toda a vida. A escola tem uma missão fundamental nessa formação.    

Lembro a todos que a Igreja, durante a Quaresma, também nos convida a um gesto concreto de solidariedade, que é a oferta de doações em dinheiro, na coleta realizada no Domingo de Ramos, dia 10 de abril. Esta coleta é destinada a promoção da dignidade humana, o compromisso com os pobres e a vida plena.

Pai Santo, “ensinai-nos a falar com sabedoria e educar com amor! Permitais que a Virgem Maria, Mãe e educadora, com a sabedoria dos pequenos e pobres, nos ajude a educar e servir com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz” (Oração da CF 2022).

Uma boa e santa quaresma para todos.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.