São Pedro e São Paulo, Apóstolos.
Reflexão da Liturgia Dominical
Os santos, com certeza, agem em nosso favor, pois participam da
santidade de Cristo. Mas além da necessária intercessão, encontramos neles
modelos de virtudes. Eles são para nós exemplos e escolas de fé, esperança e
caridade. O cristão é uma pessoa que crê (fé), espera (esperança) e ama
(caridade). Seguindo caminhos próprios, Pedro e Paulo nos ajudam na acolhida e
na prática das virtudes teologais.
Pedro e Paulo e a virtude da fé.
Se há um pressuposto na vida cristã, este é a fé. Sem ela, não há vida
cristã. Ela é uma prioridade no compromisso da Igreja em um mundo que
experimenta uma “profunda crise de fé”. Deus precisa se tornar novamente
presente, só Ele satisfaz plenamente o coração do ser humano. A fé é dom de
Deus, mas precisa ser acolhida, aprofundada, celebrada e vivida.
Pedro e Paulo foram seduzidos pelo Senhor e pelo Evangelho. São pessoas
de profunda fé. Tanto um como o outro nos ensinam que no caminho da fé temos
experiências consoladoras, que iluminam o coração, mas também de sacrifícios,
provas e cruzes. A única força é Jesus ressuscitado. Quem tem fé sabe que Deus
é Deus e que deve confiar sempre, até nas noites escuras da vida. A luz da fé
ilumina toda a existência humana.
A noite não impede um peregrino de seguir o seu caminho. Uma lanterna, a
luz da lua ou até as próprias estrelas permitem que se prossiga em meio à
escuridão. Mesmo que todo o resto permaneça no escuro, os focos de luz iluminam
a porção desejada do caminho. Não é possível esta empreitada em meio a uma
tempestade. O peregrino não sabe mais onde se encontra. Corre o risco de cair
em um buraco, ficar dando voltas no mesmo lugar e se perder. O cristão consegue
prosseguir dentro da noite da vida, embora esta seja, às vezes, densa, escura:
sua fé ilumina as trevas. Sem a fé, passamos da noite à tempestade. Ficamos
perdidos.
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). “Combati o bom
combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7).
Pedro e Paulo e a virtude da
esperança.
Deus é a nossa esperança. A nossa segurança está naquele que ofereceu a
sua vida por nós. Pedro e Paulo têm uma convicção profunda para viver o
Evangelho e enfrentar os problemas, sem desanimar. Como carregar a cruz sem
perder a paz e a esperança? A nossa força é a presença de Deus. Ele nos salva
por sua graça.
Pelos merecimentos de Jesus Cristo e de sua paixão, Deus nos guarda na
“esperança que não decepciona” (Rm 5,5). “Estai sempre prontos a dar a razão da
vossa esperança a todo aquele que a pedir” (1 Pd 3,15).
Pedro e Paulo e a virtude da
caridade.
A experiência da bondade de Deus foi a luz que guiou as vidas de Pedro e
Paulo. Jesus é o nosso parente mais próximo, o Servo que se entregou a si mesmo
por amor como resgate para nos restabelecer. Esta boa notícia modificou e
orientou por completo a vida desses santos. A gratuidade da salvação é o
coração do anúncio cristão. Em Jesus somos criaturas novas. Nada nos poderá
separar do seu amor.
Somos “amados de Deus e chamados santos”; o seu amor “foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”; nada “será capaz de nos separar
do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”; não devemos nada a
ninguém, “a não ser o amor... pois quem ama o próximo, cumpre plenamente a Lei
(Rm 1,7; 5,5; 8,39; 13,8). “Amai-vos uns aos outros, de coração e com ardor” (1
Pd 1,22).
A experiência da fé, da esperança e da caridade de Pedro e Paulo os
levou a entregar suas vidas a Jesus. O ideal cristão é ser como Jesus. O desejo
maior é estar com Cristo, Ele é a nossa riqueza. Somos servos seus. Sem o amor
de Deus, sem a fé e sem a esperança do Evangelho, nada somos.
Aprendemos de Pedro e Paulo que a fé, a esperança e a caridade recebemos, celebramos e vivemos na Igreja. Unidos a esses apóstolos, recordando a figura do Papa, renovamos nossa profissão de fé em Jesus, alimentamos a esperança e a caridade fraterna.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.