22º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Reflexão da Liturgia Dominical.
“Quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será
elevado” (Lc 14,11). Esta afirmação de Jesus marca o Evangelho deste domingo. O
que Ele quer nos dizer? Para ilustrar o seu ensinamento, contou a parábola dos
lugares à mesa - ao ser convidado, e ao convidar (Lc 14, 1.7-14). O contexto é
uma refeição na casa de um “dos chefes dos fariseus”. Observando as atitudes
dos convidados que escolhiam os primeiros lugares, ele citou os exemplos.
Neles, ensina a importância da humildade. Como entender esse ensinamento do
Mestre?
Jesus não está preocupado apenas com normas de boa educação.
A sua intenção é apresentar critérios que nos colocam no verdadeiro caminho do
Reino. A humildade que Ele prega vai além de atitudes comportamentais: é uma
orientação de vida, na contramão do que o mundo apregoa.
Ele é o exemplo a seguir, quando diz que é “manso e
humilde de coração” (Mt 11,29). A sua humildade é o despojamento, o fazer-se
pobre, é o cumprimento da vontade do Pai até as últimas consequências. É como
Paulo expressa no seu belíssimo hino: “Humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte
– e morte de cruz!” (Fl 2,8). No contexto da celebração da Ceia com os Doze, no
cenáculo, Ele realizou um gesto desconcertante, lavando os pés dos discípulos
(Jo 13,1-11). Depois de lavar os pés dos mesmos, disse: “Se eu, o Senhor e
Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.
Dei-vos o exemplo, para que também vós façais assim como eu vos fiz” (Jo
13,14-15).
Paulo nos exorta para que tenhamos esses mesmos
sentimentos de Jesus (Fl 2,5), isto é, o mesmo comportamento, a mesma orientação
de vida, a mesma humildade, que significa: fazer-se pequeno, abaixar-se, servir
por amor, gratuitamente, na liberdade, sem segundas intenções ou
interesses.
A salvação é graça de Deus. Mesmo conhecendo a nossa
condição de pecadores, Ele nos ama e nos justifica. É condescendente. Em Jesus,
manifesta-se a benevolência de Deus para conosco, o seu perdão e a sua graça.
Da nossa parte, Ele quer a conversão, a abertura, a docilidade. Ser humilde
diante de Deus, é abandonar-se a Ele, confiar nEle. É amar as pessoas, fazer o
bem, praticar as obras de misericórdia. Um amor sincero e humilde, magnânimo e
benfazejo, vínculo de perfeição (Rm 12,9; 1 Cor 13,4; Col 3,14).
A humildade que Jesus ensina nos torna filhos e filhas de
Deus, é caminho para Ele, agrada e glorifica Senhor (Eclo 3,20-21), é remédio
que cura as feridas do nosso coração, é via de penitência e caminho de
santidade.
Jesus é o mediador da Nova Aliança (Hb 12,24). Ele nos introduz na comunhão com o Pai.
Dom Paulo
Roberto Beloto, Bispo Diocesano.