25º Domingo do Tempo Comum – Ano C
Reflexão da Liturgia Dominical.
Em Lucas 16,1-13 Jesus conta a parábola do administrador que foi
despedido do emprego. Na estória, ele age desonestamente. Não é a sua
desonestidade que o Senhor elogia, mas a esperteza, a prudência, a astúcia e
habilidade que ele tem diante de uma situação difícil. O administrador foi
capaz de um ato de discernimento que o salvou.
Qual é a lição que Jesus quer nos deixar ao contar essa parábola? Nós
que somos “filhos da luz”, devemos agir com sabedoria diante da vinda do Reino,
nossa riqueza maior. É preciso saber escolher, ter discernimento, agir com
habilidade e prudência. Esta criatividade, audácia, competência ou eficiência é
pelo bem escolhido, pois é uma opção que determina e orienta a vida. A
existência é determinada pelas opções que fazemos. A nossa escolha e decisão é
por Jesus, é crer no Evangelho.
Paulo recomenda e insiste na prática da oração (1 Tm 2,1-8). O apóstolo
tem razão nesta insistência, pois a oração se apresenta como uma realidade
central em nossa vida espiritual, já que ela nos coloca em comunhão com Deus,
conosco mesmo, na nossa dimensão mais profunda e íntima, e nos lança no
apostolado e no relacionamento com as pessoas. Deus nos ama e nos têm como
pessoas especiais e íntimas, daí a necessidade de nossa correspondência
exterior e interior. Exteriormente, correspondemos com as nossas atividades,
interiormente, com uma relação nova com Deus. Sem a vida de oração, isto não é
possível.
Quando vamos a Deus na oração, abraçamos o amor e a verdade. Nela
tomamos consciência de que precisamos dele, de sua graça e auxílio para tocar a
vida. Sem a oração, não podemos crescer na prática das virtudes. A verdadeira
oração não afasta dos compromissos, mas dá um sentido real e verdadeiro a eles.
Quando rezamos, exercemos um ato de humildade e Deus nos eleva e nos ajuda a
vencer os males.
Na oração podemos suplicar ou pedir ao Senhor. Assim como agradecer e
proclamar as suas maravilhas. Também podemos louvar e exaltar a sua grandeza,
sua justiça e bondade. A oração mais profunda e fundamental é a escuta, a
adoração a Deus, o estar diante dele e oferecer a nossa presença - reconhecendo
o nosso estado de criatura, numa homenagem jubilosa, de prostração. Adoramos a
Deus e só a Ele. O apóstolo Paulo fala da oração de intercessão, dirigida a
Deus em favor dos outros. É da oração de escuta que nasce a intercessão.
A oração é mais ação de Deus do que esforço humano. Ele é o
protagonista. O sujeito da oração é o Espírito Santo. Mas o Espírito necessita
da nossa colaboração fundamentada na fé, no amor e na liberdade. Por isso, a
oração é um caminho. Precisamos aprender a orar, com amor e vontade.
Para rezar, alguns pressupostos são essenciais: a fé, a confiança, a
liberdade, a amizade, a humildade, a determinação, a perseverança e a
fidelidade, a paciência, o amor a Deus e aos irmãos; o silêncio, o perdão, a
disposição, o gosto, o desejo. Também a oração exige disposições exteriores,
como o tempo, o lugar, a preparação, a posição do corpo, a partilha da oração,
a avaliação, a direção espiritual.
Rezar não é fácil. Quem se empenha nessa arte, com certeza enfrentará as
resistências e o deserto da aridez, do desânimo, das provações, dos
sofrimentos, das distrações, do cansaço e outras dificuldades. Mas nunca
devemos abandonar a oração por causa desses desafios, pois deixar a oração é
perder o caminho.
A oração cristã tem a Cristo como centro, é uma identificação com o
Senhor, que revela o Deus trino. Veneramos o único Deus na Trindade. Por isso,
a nossa oração tem o seu coração na Trindade Santa, “mistério central da fé e
da vida cristã (CIgC, 261). Ela leva a amar a Deus e ao próximo, pois estar com
Ele é estar também com os irmãos.
Dom Paulo Roberto
Beloto, Bispo Diocesano.