28º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Reflexão da Liturgia Dominical.
A Palavra nos ensina a virtude da gratidão. Ser grato é
reconhecer um benefício recebido e se alegrar por isso.
2 Rs 5,14-17 narra a cura do general sírio, Naamã, pela
intercessão do “homem de Deus”, o profeta Eliseu. Este estrangeiro reconheceu a
grandeza de Deus, levando como sinal, uma quantidade de terra de Israel para o
seu país, para poder adorar e louvar o Senhor.
No caminho para Jerusalém, entre a Samaria e a Galileia,
Jesus curou dez leprosos (Lc 17,11-19). Somente um samaritano soube reconhecer
o dom gratuito e voltou para louvar o bem recebido. Jesus reconheceu a grandeza
de sua fé e o apresentou como modelo de gratidão.
Três passos importantes o leproso soube dar no caminho
até Jesus.
Foi a encontro do Senhor, com confiança, juntamente com
os seus companheiros (Lc 17, 12-13). Para eles, Jesus tornou-se a única
esperança de compaixão e cura. Os leprosos venceram o medo e a alienação da
terrível doença que sofriam e procuraram o Mestre.
Assim como os amigos, o leproso foi obediente ao pedido
de Jesus de se apresentar aos sacerdotes (Lc 17,14).
Mas somente ele soube dar o terceiro passo: “voltou
glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, e lhe agradeceu”
(Lc 17,15-16).
“Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc 17,19),
disse-lhe Jesus. A fé leva-nos a procurar Jesus como o Senhor de todos os bens.
Por ela, obedecemos a sua palavra. Mas sobretudo, pela fé reconhecemos que Deus
nos perdoa, nos salva e nos ama em Jesus.
Ser grato é depositar em Deus a confiança na sua ação em
nosso favor. Somente nele encontramos consolo, força, vida, liberdade e
salvação. Nenhum bem podemos encontrar fora de Deus (Sl 16,2).
“Demos graças ao Senhor, nosso Deus. É nosso dever e
salvação”. Rezamos assim na Missa. A oração de louvor é patrimônio do povo de
Deus. É tradição bíblica e eclesial. Quando louvamos o Senhor, centramos nele a
nossa atenção, os nossos pensamentos, sentimentos e a nossa vida.
Na oração de gratidão e louvor reconhecemos, admiramos e
adoramos o nosso Pai como fonte e fim de todas as bênçãos. “Em seu Verbo
encarnado, morto e ressuscitado por nós, ele nos cumula com suas bênçãos e, por
meio dele, derrama em nossos corações o dom que contém todos os dons: o
Espírito Santo” (CIgC, 1082).
É o Espírito que nos concede o dom do louvor. Ele nos
ajuda a reconhecer os bens que recebemos de Deus, não obstante as dificuldades
e revezes da vida, enchendo o nosso coração de ternura e esperança.
Paulo não deixa de acreditar e louvar o Senhor, mesmo no
sofrimento (2 Tm 2,8-13). Convida o discípulo, filho e caríssimo Timóteo a
mesma atitude. Os motivos de sua alegria, gratidão e esperança é Jesus
ressuscitado, vencedor até na morte. Ele tem fé na palavra e certeza nas
promessas de Deus.
A Eucaristia é o maior ato de gratidão a Deus. Por
Cristo, a Igreja oferece o sacrifício de louvor em ação de graças por tudo o
que Deus faz de bom. Reconhecemos a sua bondade que nos cria, redime e
santifica.
Dom Paulo
Roberto Beloto, Bispo Diocesano.