4º Domingo do Advento/2022
Reflexão da Liturgia Dominical.
O tempo do Advento nos apresenta figuras tementes a Deus, que acolheram
o seu chamado, foram solícitas e se ofereceram para servi-lo. Maria é um modelo
perfeito de disponibilidade ao Senhor. É a serva preenchida de graça, livre para
obedecer. É a mãe da disponibilidade. Deus agiu na sua pobreza, obediência e
generosidade. A encarnação do Verbo foi possível com o seu sim
A obediência é expressão da vontade do Pai. Obedecer é ser fiel ao seu
chamado. Nesse sentido, Jesus é o modelo de obediência e fidelidade. Toda a sua
vida foi um ato de obediência, que consiste em fazer a vontade do Pai (Jo 5,30;
6,38; 7,16-17; 8,29; Fl 2,8; Hb 5,8; 10,5.7). É o servo fiel: “Meu
alimento é a vontade do Pai; é fazer a vontade daquele que me enviou e
completar a sua obra” (Jo 4,34). O que o Pai quer é a realização do Reino, a
salvação dos seus filhos (Jo 6,39). A obediência de Jesus é entendida dentro do
plano da salvação.
A liberdade de Jesus é inseparável da sua obediência. Ela consiste em
corresponder ao amor do Pai. Ele é livre por cumprir inteiramente esta vontade.
A obediência ao Pai está no próprio coração do sacerdócio de Cristo.
Jesus nos ensina a resolver as dificuldades da obediência através da
oração. Através dela procurava entrar em comunhão com a vontade de Deus. Ele
fez-se servo e obediente até à paixão e morte de cruz (Mc 14,36; Fl 2,8).
Deu-nos o exemplo de entrega total. A obediência é contar só com o Pai, confiar
plenamente nele e entregar-se serenamente em suas mãos. Por causa do seu
despojamento, Jesus foi atendido pelo Pai (Hb 5,7). A ressurreição é o
coroamento de sua obediência e entrega total. Paulo diz que por Jesus
“recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à
obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome” (Rm 1,5).
Da contemplação do mistério de Jesus Cristo, o Filho obediente em tudo,
nasce a obediência dos discípulos, que consiste em fazer a vontade de Deus,
isto é, fazer o que lhe agrada. É um ato de fé em Deus.
Qual é a vontade de Deus para a minha vida? Discernir esta vontade, eis
a nossa vocação. Discernir é distinguir a voz da verdade. Discernir a vontade
de Deus é buscar, entre tantos apelos, quais os que provêm do Espírito e quais
são os que a ele se opõem. A sua vontade é o que melhor pode acontecer nas
nossas vidas, coincide com a nossa vontade mais profunda e autêntica, está em
harmonia com os nossos dons. Para captarmos essa graça, precisamos cultivar
atitudes de obediência e escuta. O discernimento deve ser feito em clima de
oração, liberdade e obediência.
Qual é a vontade do Pai? É a que se manifesta através dos mandamentos, é
a nossa salvação, a nossa vida, a prática do amor e da justiça, a nossa
reconciliação em Cristo, a nossa santificação. A vontade do Pai é o caminho da
vida e da alegria do Reino. Viver a obediência é acolher a graça de levar
adiante o plano de amor de Deus por nós. Somos responsáveis pela sua vontade.
Unidos a Jesus e com a força do seu Espírito podemos realizar esta incumbência.
A obediência é uma virtude que nos torna muito gratos a Deus. Ela
acontece por amor: tanto da que se deve a Deus e aos seus mandamentos, da que
se deve à Igreja.
Maria fez a vontade de Deus assumindo a condição de serva (Lc 1,38). O seu sim é uma atitude de obediência e de colaboração ativa à iniciativa divina. Maria não tem outra vontade que não a do seu Deus.
Dom Paulo Roberto
Beloto, Bispo Diocesano.