Santa Maria, Mãe de Deus
01 de janeiro de 2023
A liturgia da Oitava do Natal celebra a solenidade da Santa Mãe de Deus,
Maria, primeiro dogma mariano e que ilumina os demais. Ela é mãe de Jesus, como
homem e como Deus, concebeu por ação do Espírito Santo, mas experimentou uma
gravidez humana normal. Maria é a filha predileta e escolhida por Deus,
deixou-se conduzir por sua unção. A Igreja diz que ela é nossa Advogada,
Auxiliadora, Socorredora e Medianeira (LG, 62). Como a João aos pés da cruz,
Jesus nos olha com compaixão e nos diz: “Eis aí tua mãe”. Como o discípulo
amado, nós a levamos para a casa do nosso coração, para a nossa vida, para as
nossas famílias. Por isso, não pode haver melhor maneira de começar o ano
estando perto de nossa Mãe, e viver assim todos os dias de 2023. É bom dizer
sempre: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós!”. Celebramos a liturgia do
Ano Novo, olhando para Maria, pedindo a sua intercessão e seguindo-a como nosso
modelo de santidade. Desejo que cada um em 2013 sinta a presença materna de Maria,
que nos dá colo, nos consola e nos protege. Quem acolhe Maria, acolhe a maior
bênção, que é Jesus. Acolhe a Igreja e deixa-se guiar por ela.
Celebramos também na Oitava do Natal a bênção de Deus, presente no Livro
dos Números 6,22-27, conhecida como a bênção sacerdotal de Aarão: “O Senhor te
abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça
de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!”; e no salmo 66: “Que
Deus nos dê a sua graça e sua bênção, e sua face resplandeça sobre nós!” (Sl
66,1). Na Bíblia, a bênção significa vida, proteção, liberdade, fecundidade e
paz. Deus abençoa, guarda, protege, conduz, faz brilhar a sua face, mostra-se
sorridente, revela-se compassivo, volta para o povo o seu rosto, olha com
bondade e concede a paz. O Apóstolo Paulo diz que “Deus é bendito para sempre”
(Rm 9,5). Em Cristo Jesus, Deus nos “abençoou com toda bênção espiritual” (Ef
1,3). Fomos chamados para ser “herdeiros da bênção” (1 Pd 3,9). Deus age no
mundo através dos seres humanos, quando pedimos a sua bênção devemos nos
colocar à sua disposição, prontos para ajudá-lo a realizar o que pedimos. Com
ela expressamos o nosso compromisso com o Senhor. O primeiro compromisso é de
gratidão: bendizer significa falar bem de Deus. A bênção é antes de tudo um ato
de louvor e agradecimento a ele. Na liturgia do Ano Novo agradecemos a Deus o
ano que passou. Ele nos acompanhou com um Pai amoroso que quer o bem dos seus
filhos. Ele nos acompanhou como Filho Redentor: em Jesus Cristo somos salvos e
reconciliados com Deus, por seu intermédio conhecemos o amor do Pai, entramos
no caminho da santidade e participamos da natureza divina. Deus nos acompanhou
como Espírito, iluminando o nosso caminhar e nos fortalecendo com os seus dons.
Com tudo isso, só nos resta agradecer, pois fomos escolhidos por pura
misericórdia. Que cada um em 2023 seja herdeiro da bênção. Esta é a nossa
vocação: como pessoas, filhos (as), esposos (as), pais e mães, profissionais,
alunos (as), amigos, cidadãos, cristãos, católicos.
São Paulo VI inseriu no primeiro dia do ano civil a oração pela paz. Jesus é a nossa paz (Ef 2,14). Seu nascimento trouxe a paz (Lc 2,14). Ele veio revelar o amor de Deus e destruir os muros de separação entre os homens. Pregou que são felizes e serão chamados filhos de Deus os que promovem a paz (Mt 5,9). Nele todas as coisas foram reconciliadas e por seu sangue derramado na cruz, temos a paz (Cl 1,20). Ressuscitado, Ele nos deixou o dom da paz (Jo 20,19.21.26). A paz nasce da certeza de sermos amados por Deus. É a paz interior que ninguém pode tirar. Na sua mensagem para o dia Mundial da Paz, o Papa Francisco lembra as consequências e lições da Covid-19 e o flagelo da guerra na Ucrânia: a maior lição é a consciência de que precisamos uns dos outros, que a fraternidade é o nosso maior tesouro e ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos, na fraternidade e solidariedade, construímos a paz. Em Jesus, somos instrumentos da paz. Assumimos essa missão, quando vivemos o amor, o perdão, a paciência, a tolerância, a união, a justiça, a verdade, a esperança, a alegria. A não-violência é o caminho para a paz. Que cada um experimente a paz que só Jesus pode oferecer. Desejo que cada um seja promotor e instrumento da paz. Que Maria, Mãe de Deus e nossa, interceda por nós e pelo mundo inteiro.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano