5º Domingo da Quaresma / 2023
Reflexão da Liturgia Dominical.
Rezamos no 5º Domingo da Quaresma a ressurreição de
Lázaro (Jo 11,1-45). É o último sinal de Jesus, antes de sua morte. A intenção
da narrativa é revelar a sua pessoa como a ressurreição e a vida. Quem crê nele
tem a vida. Sua ressurreição é penhor da nossa. Jesus tira-nos do túmulo do
pecado, desata as faixas que nos impedem de andar e cria-nos novamente pelo
Espírito.
Em três domingos seguidos, nesta Quaresma, refletimos
sobre o nosso Batismo, em cada um deles, com a indicação de uma verdade. No 3º
domingo, Cristo se apresentou como a fonte de água viva da qual devemos beber.
O Batismo é um mergulho na vida de Deus. Domingo passado, Jesus se revelou como
a luz para nos libertar do poder das trevas. No Batismo recebemos a luz de
Cristo. Neste domingo, Cristo se apresenta como a ressurreição e a vida. No
Batismo, Ele nos chamou da morte para a vida, das trevas para a luz. Jesus se
comove de amor por cada um de nós, levantando-nos das quedas com o seu perdão.
Somos constantemente seduzidos pelo pecado que tira a
nossa liberdade. Como a Lázaro, Jesus exclama com voz forte a cada um de nós:
“Vem para fora!” De quantas coisas precisamos ser desatados? Cada um pode fazer
a sua lista: orgulho, avareza, inveja, ira, impureza, gula, preguiça,
indiferença, preconceito, frieza nas relações, mentira, mediocridade, egoísmo,
afeições desordenadas ...
A Quaresma e a Páscoa salientam de modo mais intenso o
mistério pascal, que é atual na medida em que opera algo em nós. Esses tempos
litúrgicos ajudam a celebrar a vida que Deus nos oferece em Jesus: Ele é o
Senhor que nos conduz.
Ezequiel 37,12-14 narra uma de suas visões. Ele vê o povo
de Israel, vencido e desanimado no exílio, como um monte de ossos secos. Deus
age e faz o povo voltar à vida.
Em Romanos 8,8-11, Paulo fala do Espírito que dá a vida.
Quem se deixa guiar por Ele tem a vida.
Deixar-se guiar pelo Espírito é orientar a existência
para a plenitude. O nosso coração foi feito para estar em sintonia e união com
o Senhor. Quando o excluímos de nosso horizonte, excluímos o próprio horizonte.
É preciso deixar-se iluminar pelo Espírito de Jesus.
Assim experimentamos a libertação das amarras do pecado, saímos do túmulo do
medo, do desânimo e da morte. O Espírito gera a vida em nós. Quando deixamos o
Espírito nos guiar, podemos também oferecer a vida aos outros.
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo
que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês
isto?” (Jo 11,25-26). Que essa afirmação e pergunta de Jesus, dirigidas a
Marta, ressoem também no íntimo de cada um de nós.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.