O grande silêncio: a Paixão de Cristo
Artigo escrito por Rodolfo Junior de Souza Alves, seminarista, 3º ano da Configuração.
Neste dia em que celebramos a Paixão de
Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja nos convida a oração e ao jejum, junto com
a abstinência de carne e a oração. A tudo isso precisamos juntar o silêncio. Um
silêncio que atinge a própria natureza, um silêncio do homem que permanecem
diante de Jesus Crucificado, contemplando o mistério de Deus que morreu para a
nossa salvação. Santo Afonso nos convida a estar contemplação quando diz: “Ouve
o que do alto de sua cruz te diz o Senhor: Meu Filho, vê se há alguém no mundo
que te tenha amado mais do que eu, teu Deus!”.
Entremos no silêncio de Nosso Senhor
Jesus Cristo, um silêncio que diz mais que as palavras. Na cruz, Jesus diz
poucas palavras, sete, mas são palavras que revelam a sua messianidade e a
profundidade de seu amor. No silêncio e nas poucas palavras, quando necessário,
devemos viver este dia. O silêncio nos coloca diante da Verdade, e esta
incomoda os corações endurecidos, mas é alento e alegria para aqueles que se
deixam conduzir pelo mistério de um Deus crucificado. De fato, “a linguagem da
cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para
nós, é poder de Deus”, diz o Apóstolo Paulo.
Na cruz contemplamos o mistério nas
poucas palavras de Jesus:
“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que
fazem”. Nós não reconhecemos a malícia do pecado, precisamos dizer: Pai,
perdoa-nos, pois preferi o pecado a Ti.
“Em verdade eu te digo: hoje estarás
comigo no paraíso”. Deus promete a vida eterna a cada um de nós, mas não
sabemos trabalhar para a nossa salvação, ajuda-nos, Senhor, a conquistar a vida
eterna.
“Mulher, eis aí o teu filho, [...]
Filho, eis aí a tua Mãe”. Nas dificuldades, temos uma Mãe amorosa, que nos
consola e intercede por nós. Recorramos a Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe.
“Tenho sede”. Jesus tem sede de amor. Não
porque ele precise, mas porque ele quer ser amado por aqueles, pelos quais ele
derramou o Seu sangue na cruz; de fato, amor se paga com amor.
“Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonastes”. Cristo pendente na cruz sente o silêncio de Deus, mas não deixa
de confiar nos planos do Pai; também nós somos convidados a confiar plenamente
em Deus nas horas difíceis, quando parece que estamos sozinhos.
“Tudo está consumado”. A salvação da
humanidade é levada até as últimas consequências, isso nos diz que devemos
lutar ferrenhamente pela nossa salvação, para Deus ninguém está perdido.
“Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito”. A obra da salvação foi consumada, o amor venceu o ódio, o bem venceu
o mal, a morte de Cristo venceu a nossa morte, e nos garantiu, por seu sangue a
salvação eterna.
Meditemos profundamente estás palavras
que Jesus dirige a cada um de nós, guardemos o silêncio. Imitemos os apóstolos,
escondidos e com medo, achando que tudo foi em vão, mas deixemos que Cristo nos
surpreenda. Vivamos este dia na contemplação do mistério da Paixão e Morte do
Senhor. Busquemos viver com profundidade este dia, na procissão penitencial, na
celebração da Paixão e na meditação da Via-sacra, mas não deixemos de
silenciar, rezar, jejuar e abster-se de carne.
A Sexta-feira Santa é um momento muito
oportuno para nós, não deixemos contemplar o mistério de Cristo, que nos amou até
o fim. Este é um dia de muitas graças, não deixemos que ela passe, que este dia
não seja apenas mais um, ou apenas um feriado, mas que seja o dia que lembramos
da obra da nossa redenção, o mistério do amor eterno de Deus. Que a Imaculada
Conceição, padroeira de nossa amada Igreja particular de Franca, interceda por
nós. Amém.