Sinais do Ressuscitado: celebrando a Páscoa
Artigo escrito por Lucas Emanuel Souza Melo, seminarista diocesano.
A glória de Deus é o homem vivo,
dizia Irineu de Lyon. Esta palavra é confirmada pela primeira vez na
ressurreição de Jesus. Deus queria que Jesus fosse restaurado à vida, a uma
vida plena para que cada homem pudesse viver. A ressurreição de Jesus é, portanto,
a vitória da vida sobre a morte. Contudo, esta vitória não é a exceção que
confirma a regra, mas a revelação de que o que aconteceu com Jesus é para
nós! A ressurreição de Jesus é a nossa promessa, ela nos dá a própria
imagem do que somos chamados a nos tornar. É o símbolo concreto daquilo que
colocamos sob a palavra salvação, pois para nós, ser salvo é viver,
viver intensamente e sempre numa vida de amor, numa vida pascal.
Dirigindo-se às mulheres que
vieram ao sepulcro na manhã da Páscoa, disse-lhes o anjo: “Não temais! Sei que
estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois ressuscitou,
confirme havia dito. Vinde ver o lugar onde ele jazia. Ide já contar aos
discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que ele vos precede na Galileia.
Ali o vereis. Vede bem, eu vo-lo disse! Elas, partindo depressa do túmulo, com
medo e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos” (Mt 28, 5-8). A
boa nova da ressurreição manifestada a alguns diz respeito a toda a criação.
São Paulo enfatizou isso na carta aos Romanos: “Pois a criação em expectativa
anseia pela revelação dos filhos de Deus. De fato, a criação foi submetida à
vaidade – não por seu querer, mas por vontade daquele que a submeteu – na
esperança de ela também ser libertada da escravidão da corrupção para entrar na
liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,19-21). Isso nos traz de volta à
conexão entre criação e redenção na história de nossa salvação. Tendo tomado a
nossa condição de homem, o Verbo assumiu-a inteiramente até à sua dimensão
carnal: entrou neste mundo em que nascemos e do qual fazemos parte. Sua
humanidade glorificada induz na glória do Pai uma figura transfigurada de nosso
mundo.
É na certeza desta universalidade
da redenção, correspondente à da Encarnação, que Paulo pode afirmar a sua fé na
ressurreição da carne. Respondendo às objeções dos coríntios que queriam crer
na ressurreição de Cristo, mas se recusavam a acrescentar fé à nossa
ressurreição, ele ousa afirmar: “Pois se os mortos não ressuscitam, Cristo
também não ressuscitou” (1Co 15,16). Como podemos ligar mais estreitamente a
nossa ressurreição à ressurreição de Cristo! Ao Filho que deu a sua vida por
nós, o Pai responde atendendo ao seu desejo mais profundo e glorificando-nos
com Ele. Caso contrário, a oferta do Filho e toda a sua obra não seriam
reconhecidas.
No próprio coração da nossa
história, Deus manifestou-se como aquele que assegura o triunfo da vida, do
amor e do perdão sobre as forças do mal. Condenado à morte, Jesus triunfa, e em
sua Ressurreição consagra a vitória de uma humanidade que confiou no Pai e no
êxito de seu projeto de divinização do homem. Portanto, vençamos em Cristo as
amarras que nos prendem à morte, e vivamos n’Ele essa experiência profunda da
Páscoa, da vida que triunfa diante da morte e alcança para nós a salvação
eterna. Feliz e Santa Páscoa!