2º Domingo da Páscoa 2023

Reflexão da Liturgia Dominical

João 20,19-31 narra duas vezes a manifestação de Jesus aos discípulos, e na segunda vez, com a presença de Tomé. As cenas convidam a acolher vários bens.

Jesus ressuscitado: “Jesus entrou e, pondo-se (pôs-se) no meio deles... Mostrou-lhes as mãos e o lado... Vimos o Senhor... Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado” (Jo 20,19.25.26.27). Quem se manifesta é o mesmo Senhor que os discípulos conheceram e foi crucificado, pode ser tocado, é visto, conversa com os mesmos, mas agora com o corpo glorificado. Nada detém a sua presença. Para os discípulos foram necessárias as aparições e os sinais da ressurreição, pois haviam sido atingidos pelo escândalo da cruz. São experiências exteriores que atestam que o Senhor está vivo. Ajudam a superar as dúvidas, a curar o medo, a superar a tristeza, o fechamento e a decepção. Após essa experiência, há uma educação para a presença interior. O tempo da Páscoa nos educa para uma presença interior de Jesus, num encontro pessoal e íntimo que nunca se esgota e que dá sentido à vida.

O Domingo: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana... Oito dias depois” (Jo 20,19.26). Cristo foi ressuscitado no terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Cor 15,4). Domingo é o primeiro dia da semana, ocasião em que algo extraordinário aconteceu, que foi a ressurreição do Senhor Jesus. Tornou-se o seu dia e o dia da Igreja (1 Cor 16,2; At 20,7; Ap 1,10), dia litúrgico por excelência, quando celebramos e vivemos o mistério pascal.

A cura do medo. “Estando fechadas, por medo dos judeus, as portas” (Jo 20,19.26). Jesus ressuscitado cura do medo. A sua presença não isenta de dificuldades, mas ajuda a superá-las, gera ânimo e coragem.

A Igreja: “Lugar onde os discípulos se encontravam... Reunidos em casa” (Jo 20,19.26). “Diariamente, todos frequentavam o Templo, partiam o pão pelas casas e, unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46). Jesus se apresenta e se manifesta com a comunidade reunida. Ele está presente na vida dos discípulos e da Igreja. Vivemos nossa fé e servimos a Cristo na Igreja.

A paz: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19.21.26). A paz é dom de Jesus ressuscitado. É sinal do Reino. É a paz interior que nasce da certeza de sermos amados por Deus, e que ninguém pode tirar. A perturbação é do inimigo. Se Deus nos ama, por que nos perturbar?

A alegria: “Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor” (Jo 20,20). “Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (1Pd 1,8.9). A manifestação de Jesus gera alegria. Ele é a fonte da alegria, pois realiza grandes coisas na vida do seu povo. O motivo principal da nossa alegria é que Deus existe e isso basta.

A missão e o testemunho: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). Os discípulos são testemunhas de Jesus ressuscitado, do seu Evangelho, da paz, do amor e da bondade de Deus.

O dom do Espírito: “Soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). O Espírito é o sopro de Jesus ressuscitado sobre os discípulos e sobre a Igreja. É o sopro da graça, do amor, da fonte viva, da unção divina.

O perdão: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). Nas pessoas dos discípulos, a Igreja recebeu de Jesus o poder de perdoar. Ela é depositária e dispensadora do perdão. É a casa da misericórdia.

A cura da dúvida: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei... Não sejas incrédulo, mas fiel... Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,25.27. 28). Jesus cura a dúvida de Tomé. É bom ter espírito crítico, mas sem exageros. O exagero pode levar a amargura.

Bem aventurança da fé: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto! ... Estes (sinais) foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,29.31). Quem se converte, abraça a fé e segue Jesus na vida fraterna (At 2,42-47). Graças à fé e pelo poder de Deus, somos guardados para a salvação (1 Pd 1,3-9).

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.