12º Domingo do Tempo Comum 2023
Reflexão da Liturgia Dominical
Em Mateus 10,26-33, por três vezes Jesus diz aos apóstolos: “Não tenhais
medo! Essa insistência revela duas coisas: uma realidade difícil e de
resistência no anúncio do Evangelho, e uma condição humana, que é o medo diante
do conflito e das crises.
O medo tem sentido, pois faz parte da vida humana. Tem várias causas,
podendo nos bloquear e até paralisar, atrapalhando e impedindo uma resposta.
Mas também pode ser fonte de aprendizado.
Quando olhamos os personagens bíblicos, notamos que a experiência do
medo é constante. São inúmeros os exemplos narrados nas Escrituras: de confusão
diante do chamado, desculpas para não assumir, queixas, consciência da
fragilidade, pequenez, insegurança, pobreza, condição de pecado, fuga, pedidos
de proteção, sinais e provas da presença de Deus.
O Senhor sempre se apresenta como aquele que está junto, protege, dá
apoio, fortalece, incentiva, insiste, cura do medo
Até para Maria o anjo disse: “Não temas” (Lc 1, 30), antes de assumir a
vocação de ser a mãe de Jesus.
Como tirar lições do medo? Aprendendo a se reconciliar com ele e
descobrir, apesar das fragilidades, novas perspectivas. O medo nos leva a
reconhecer que apenas por nossas forças não poderemos dar nenhuma resposta. Ele
nos leva a entregar-nos nas mãos do Senhor, é Ele quem nos conduz.
Não devemos temer a missão, pois fomos redimidos por Jesus Cristo. Deus
nos amou tanto que deu o seu Filho único como nosso salvador. A nossa vida está
em suas mãos. A resposta é exigente, implica dificuldades, renúncias e desafios,
mas o que Jesus pede não supera as possibilidades do ser humano. A fé e a
confiança na graça sustentam a vocação e o seguimento de Jesus Cristo. Com Ele,
o jugo é suave e o peso é leve (Mt 11,30).
“O Senhor é a força de seu povo, fortaleza e salvação do seu ungido”,
assim nos ajuda a rezar a antífona de entrada da Missa do 12º Domingo de Tempo
Comum. A fortaleza é dom do Espírito, é a luz, a coragem e a força que o Senhor
nos concede para vivermos a fé e as suas consequências. O Espírito Santo nos reveste
de vigor para vencermos as fragilidades e tribulações que normalmente convivem
com a natureza humana.
Nas injúrias, perseguições e crises, o profeta Jeremias confessa com
confiança: “O Senhor está ao meu lado como forte guerreiro” (Jr 20,11).
A fortaleza não é poder, mas confiança na graça do Senhor e na sua
proteção. “Foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom
gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em
abundância sobre todos” (Rm 5,15).
O Mestre nos garante que vai estar conosco, “até o fim dos tempos” (Mt
28,20). Portanto, não ter medo significa acreditar plenamente no amor de
Cristo, não se deixar vencer pelos próprios limites e fraquezas e prosseguir
com firmeza na missão. Quando nosso coração está em Deus, perde o medo, pois
contamos com uma força maior.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.