Como ovelhas entre lobos
Pe Mário Reis Trombetta.
O cristianismo não é uma religião esotérica e
iniciática; não há verdades secretas ou ocultas, reservadas para alguns
poucos selecionados. A manifestação do Filho do homem, na plenitude dos
tempos, é uma revelação universal que deve ser levada ao conhecimento de
todos.
Mateus
no seu Evangelho nos diz que podemos correr o risco de ter medo do julgamento
das pessoas, a ponto de não conseguirmos levar uma vida coerente com o credo
que professamos. E por causa disso, acabamos por fazer concessões para não
ir contra a corrente de uma mentalidade que nada tem a ver com o cristianismo.
O
testemunho do cristão deve ser corajoso e sincero: uma opção de vida, sem
vacilações nem concessões. "Reconhecer" Jesus diante dos homens
significa confessar abertamente a fé, apesar da perseguição; "ser
reconhecido" por Ele diante do Pai que está nos céus significa ser
acolhido na glória do seu reino. O risco terrível para o cristão é o de se
envergonhar do Evangelho (cf. Rm 1, 16): «Quem se envergonhar de mim e
das minhas palavras... também o Filho do homem se envergonhará dele, quando
vier na sua glória” (Mc 8,38).
É
que os discípulos, enviados por Jesus "como ovelhas entre os lobos"
(Mt 10,16), na sua missão encontrarão perseguições, obstáculos, inimizades.
Eles serão tentados a cair no medo, mas saberão extrair motivos de
confiança do ensinamento que Jesus lhes transmitiu em segredo,
na intimidade, partilhando com eles a sabedoria do seu próprio coração (Mt
10,26-27). As palavras de Jesus parecem querer manter viva nos discípulos
a memória da sua proximidade, do seu cuidado, do seu amor por eles. Só
assim poderão confiar mesmo nas tribulações e vencer o medo com amor.
A fé
é uma luta ativa contra o medo: assim é para o profeta Jeremias e
para os discípulos de Jesus: a fé exige coragem. Jesus exorta
os discípulos a não "temer" quem pode persegui-los, quem se opõe ao
seu testemunho e à sua pregação. Para o discípulo, como para o profeta, o medo
supera-se pela confiança no Senhor, pela consciência da sua proximidade (Jr 20,11),
pela fé no seu amor que se encarrega dos mínimos detalhes da nossa vida (Mt
10,11. 30).
Perguntemo-nos
honestamente: “Alguma vez fui tentado a ter vergonha ou medo de dar testemunho
da minha fé e de alguma forma mantive a palavra de Deus escondida? Nunca experimentei
a alegria de quem, apesar de sofrer em meio a tantas incompreensões, permanece
ancorado em Cristo?”. O santo cardeal John Henry Newman escreveu:
"Se existimos para grandes projetos, somos chamados também a correr
grandes perigos".
Fonte: Portal Cerco il Tuo Volto,
Missionários do Caminho e P. Jesús GARCÍA
Manuel.