14º Domingo do Tempo Comum 2023
Reflexão da Liturgia Dominical
Mateus
11,25-30 é o coração deste Evangelho. A oração de Jesus revela a sua intimidade
com o Pai. O contexto da cena se dá após a sua censura às cidades da Galileia,
por causa do seu orgulho. Há uma oposição entre sábios e entendidos e os
pequeninos. Quem são eles?
Os sábios
e entendidos são os doutores da Lei, que não conseguem discernir os desígnios
de Deus, pois não seguem a sua vontade. São cegos e guia de cegos, insensatos.
Sábios e entendidos são todos aqueles que vivem assim.
Os
pequeninos são os que compreendem e aceitam Jesus e suas promessas. Vêem em
Jesus a esperança e a vida, acolhem a vontade de Deus.
A cena
revela a pessoa de Jesus: Ele é o Filho de Deus, a sabedoria que conhece e leva
ao Pai. Entre o Filho e o Pai há uma profunda comunhão de amor. É assim que
Jesus ensinou os discípulos a rezar: chamando a Deus de Pai, como Ele fazia.
Abbá, em sua língua, é papai, papaizinho. Era o modo de a criança chamar seu
pai, com todo carinho e confiança. É assim que Jesus nos ensina a nos
relacionarmos com Deus: com temor filial. “Podemos invocar a Deus como “Pai”,
porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e porque seu Espírito nos
leva a conhecê-lo” (CIgC, 2780). Somos filhos do Pai querido, no Filho Jesus
Cristo, pela inspiração do Espírito Santo. Invocar a Deus como Pai é uma
“bênção de adoração” (Idem, 2781).
Jesus é
pobre, manso e humilde de coração. A sua maneira de viver é um fardo leve. O
jugo lembra o governo de um soberano. Jesus é um soberano diferente, seu jugo é
suave. Nenhuma pessoa na história tem esta autoridade de dizer palavras de
tamanho consolo. Somente Deus é nossa consolação segura.
Na Carta
aos Romanos, o apóstolo Paulo diz que somos “amados de Deus e chamados santos”.
Esse amor “foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi
dado”, e nada “será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor. Portanto, não devemos nada a ninguém, “a não ser o amor...
pois quem ama o próximo, cumpre plenamente a Lei” (Rm 1,7; 5,5; 8,39; 13,8).
“Todos
pecaram”, diz Paulo, e “estão destituídos da glória de Deus”. A justificação se
dá “gratuitamente pela graça de Deus, por meio da redenção em Cristo Jesus” (Rm
3,23.24). Deus nos salva em Jesus: Ele foi condenado por nossos pecados e
ressuscitou para nossa justificação. A ressurreição de Cristo é a fonte de
nossa esperança. Devemos reconhecer os nossos pecados e buscar a conversão. É
preciso romper e destruir o corpo do pecado.
No
capítulo 8, Paulo faz uma teologia do Espírito. Somos chamados a viver segundo
o Espírito (Rm 8,9.11-13). Ele intercede por nós. Viver segundo o Espírito é
viver o amor, a humildade e a obediência. É viver as armas da luz. É viver do
Senhor e para o Senhor.
Como
compreender Deus e se deixar guiar pelo Espírito? Somente um coração humilde é
capaz deste ato. Não há outro caminho: esta é a lição de Jesus. O Senhor vem
“montado num jumento”, nos diz o profeta Zacarias (Zc 9,9), pois é humilde.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo
Diocesano.