15º Domingo Comum
Reflexão da Liturgia Dominical
Mateus 13 é um discurso de Jesus em parábolas. Parábola é um tipo de
comparação, uma maneira de comunicar uma mensagem aos ouvintes.
Os Evangelhos apresentam Jesus como um grande pedagogo, mesmo não tendo
estudado com algum rabino ou escriba da época, peritos no estudo, ensino e
aplicação da Lei judaica. Ele seguiu seu método próprio, um jeito novo, que
causava admiração e dava autoridade ao que falava (Mc 1,22; 2,12; 6,1-4):
ensinava, contando estórias, tirando da vida e do dia-a-dia o seu material de
ensino. Daí a originalidade e particularidade das parábolas. Com inteligência,
simplicidade e criatividade, Jesus utilizava imagens e comparações conhecidas,
ligadas à vida do povo para anunciar a mensagem central do seu pensamento. As parábolas
possuem caráter estritamente pedagógico: facilitar o entendimento e a
compreensão da verdade que o Mestre veio revelar. Seu conteúdo é a revelação da
missão de Jesus, o anúncio do Reino, a presença de Deus na vida dos seres
humanos e o que ele significa: amor, perdão, paz, justiça, vida e salvação.
Mateus 13,1-9 narra a parábola do semeador. Jesus está no barco, no mar
da Galileia, sentado, como um mestre que ensina. A multidão está de pé, na
praia, ouvindo. No seu ensino, ele utilizou a imagem das sementes. O semeador
lança as sementes, realizando a sua tarefa. Acredita na colheita, mesmo com a
perda de algumas, pois elas já possuem em si a força da vida. Apesar do
aparente fracasso diante dos obstáculos, o sucesso é garantido. O semeador é o
próprio Senhor. A sua palavra é a semente que gera a vida, que comunica e faz
nascer o amor e a justiça.
A missão de Jesus foi transferida para os discípulos e para a Igreja,
que devem lançar as sementes, apesar dos obstáculos. O Reino é dom de Deus e já
possui em si o seu dinamismo. As perdas são compensadas pela colheita
abundante. O importante é acreditar na força da semente e semear, pois a
colheita é fruto da graça de Deus, é dom do Espírito.
Após contar a parábola, Jesus saiu do meio da multidão e falou na
intimidade do coração dos discípulos (Mt 13,10-17). A eles foi dado conhecer os
mistérios do Reino. Quem tem fé acredita e compreende a missão de Jesus, acolhe
a graça do Reino, faz crescer o amor e é bem-aventurado.
Em Mt 13,18-23 temos a explicação da parábola do semeador. Provavelmente
já é uma interpretação da comunidade primitiva, refletindo sobre a missão da
palavra semeada, como transforma ou não a vida dos que não a acolhem e dos que
a acolhem. Os tipos de terrenos revelam os obstáculos ao Reino: superficialidade,
desânimo, preocupações e ilusão das riquezas. Quem não tem uma atitude de fé
diante da missão de Jesus, quem não acolhe o Reino com o coração, quem tem os
olhos e os ouvidos fechados, não compreende o amor de Deus, deixa-se levar pelo
maligno, desiste diante das dificuldades e não produz. É preciso ter ouvidos
para ouvir, olhos para ver e coração para acolher.
Isaías 55,10-11 compara a palavra de Deus como fonte de vida, que age
nas pessoas. É preciso acolhê-la no mais profundo do nosso ser.
Paulo apresenta um princípio que orienta a vida dos cristãos: somos
“filhos de Deus” (Rm 8,18-23). Com a encarnação-redenção o Espírito assumiu a
história humana. A nossa resposta é viver como filhos de Deus, na liberdade e
na vida do Espírito. Temos os primeiros frutos do Espírito, e pelo seu poder
esforçamo-nos para gerar o mundo novo. Somos frágeis, sentimos as dores de
parto para dar à luz ao projeto de Deus, mas o sofrimento não é em vão, apesar
das tensões, a nossa missão é gerar o mundo novo, em Jesus Cristo.
Dom Paulo Roberto
Beloto, Bispo Diocesano.