Assembleia propõe Igreja Paulista em saída às periferias
Dom Paulo Roberto Beloto, Pe Flávio Cícero (Coordenador de Pastoral) e Pe Adilson Fortunato (Assessor da Pastoral da Saúde) participam da 44ª Assembleia. Na foto, os representantes do Sub-regional RP1.
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dioceses e seis arquidioceses paulistas em comunhão. Lideranças de todas as
regiões do Estado de São Paulo participam da 44ª Assembleia das Igrejas
Particulares com a missão de responder: “quais periferias reclamam nossas
respostas e quais respostas daremos às periferias?”.
No
primeiro dia do encontro, que acontece em Indaiatuba, no Mosteiro de Itaici,
até 22 de outubro, o Pe. Carlos Alberto Contieri, SJ, apresentou pistas à luz
do tema central que lança um olhar para as regiões periféricas. Em suas
considerações iniciais, o presbítero, facilitador da Assembleia, resgatou
catequeses do Papa Francisco para sublinhar a vocação missionária da Igreja
“que não se deixa seduzir pelo sucesso e nem é prisioneira da aprovação dos
outros”, disse. “A fé é êxodo. A fé é saída. É movimento de desinstalação. Ela
é testemunho”, completou o padre.
No
trânsito da exposição inicial, que contou com citação de Dom Hélder Câmara,
três questões foram apresentadas: “qual o tamanho do meu mundo? O que contém o
meu mundo? Qual a minha visão de mundo?” Em busca de respostas, na segunda
sessão do encontro, os participantes foram conduzidos ao entendimento de que a
Igreja existe para servir. “O que a gente faz em um lugar, porém, não dá,
simplesmente, para fazer em outro”, alertou o Jesuíta ao chamar a atenção para
a necessária adaptação da mensagem. “Nós precisamos do Espírito Santo para ter
criatividade para fazer a Palavra ser compreendida pelo outro”, completou.
SINODALIDADE
Ainda refletindo o tema central, o Pe. Carlos Alberto desejou saber se os
presentes seriam capazes de encorajar outras pessoas a partir da própria
vivência da fé. “O Espírito é a força que impulsiona a missão”, voltou a
sublinhar o facilitador antes de questionar se “nossas palavras e os nossos
gestos tem força de atração?”
A
partir da mediação do bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e secretário
do Regional Sul 1, Dom Carlos Silva, diversas participações fizeram ressoar a
fala do Pe. Carlos Alberto. “Estamos usando o método do Sínodo”, sublinhou.
Consideradas
as intervenções, o assessor da Assembleia afirmou que não existe uma periferia,
mas muitas (e são elas as realidades para onde o Senhor envia). “O que falta em
todos nós é o ânimo para estar em lugares onde a Igreja já esteve. A Igreja é
universal: não há lugar onde ela não deva estar. Não há situação que ela não
deva contemplar em sua ação missionária. É preciso uma Igreja em saída e em
conversão. Não é uma questão de hierarquia, mas de todos nós”, disse o
presbítero.
Recuperar
a centralidade da Palavra de Deus para que a profecia não seja simplesmente uma
bandeira foi apontada como questão fundamental. “Sem a dimensão do serviço
também não há profecia”, seguiu o padre Contieri. “É preciso, ao meu ver, dar
lugar ao serviço e ao testemunho”, completou. Concluindo a primeira etapa, o
Padre Contieri garantiu retomar o tema nas demais sessões à luz do tema
central.
“ÊXODO DE NÓS MESMOS”
A partilha realizada no sábado, 21 de outubro, teve como ponto de partida as
“três saídas” de Jesus: de Deus para o mundo, de Si para os outros (amando a
humanidade até o fim) e o êxodo desse mundo para o Pai. Segundo o padre
Contieri, a vontade divina se “inclina” à liberdade humana. “A missão da Igreja
é preparar, renunciando o protagonismo”. Considerando a fraqueza dos outros
(igualmente reconhecendo suas próprias fragilidades), a Igreja é convocada a
manter-se de portas abertas (sinal de sua disposição à saída).
“Onde
a Igreja deve concentrar o melhor de sua energia, inspiração e criatividade
apostólica para realizar a sua missão?” A pergunta, segundo o presbítero,
questiona a adesão do povo à missão de Jesus. “Nós nunca estamos por inteiro
onde a gente está. A gente perde a capacidade de atenção das pessoas”,
completou Contieri.
Pessoas
que têm paixão por sua fé devem ser valorizadas em um “mundo da dispersão”. A
“Geração Z”, por exemplo, se mostra disponível aos debates em diversas esferas,
mas, vez ou outra sem espaços de expressão, fazem das Redes Sociais o local
para a partilha de seus entendimentos.
Em
momento de “Escutar o Senhor”, o padre Contieri propôs a Leitura Orante da
Palavra de Deus celebrada, nas diversas Capelas do Mosteiro, em grupos formados
pelas sub-regiões. O momento oracional foi uma das dinâmicas sugeridas para
fazer ressoar a partilha da quinta sessão; a primeira de sábado dedicada ao
tema central.(
Foto: José Ferreira Neto e André Botelho, Pascom Regional Sul 1.