Solenidade de todos os santos
Reflexão da Liturgia Dominical
O Documento de Aparecida afirma que os “santos marcaram a
espiritualidade e o estilo de vida de nossas Igrejas. Suas vidas são lugares
privilegiados de encontro com Jesus Cristo” (DAp, 273). Celebramos os méritos
desses heróis da fé, esperança e caridade nas datas específicas e numa só
festa, pedindo por eles a misericórdia divina. Deus nos oferece por essas
testemunhas exemplos, comunhão e intercessão. Com essa assistência, também nós
podemos “correr, com perseverança, no certame que nos é proposto e receber com
eles a coroa imperecível, por Cristo, Senhor nosso”.
Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens, pois Ele se
entregou para nos resgatar (1 Tm 2,5), sendo nosso caminho, verdade e a vida,
que nos leva ao Pai (Jo 14,6). Ele o nosso Senhor e Salvador, modelo de
santidade e de realização definitiva.
O Batismo nos insere no corpo de Cristo e nos confere a santidade:
criaturas novas, filhos de Deus (1 Jo 3,1), templos do Espírito Santo. Por
isso, ser santo é viver a dignidade deste sacramento, é acolher a nossa
filiação divina.
Jesus Cristo é a cabeça de um corpo, do qual somos membros. Há uma
comunhão de vida e de interesse entre Jesus Cristo e os cristãos. Há também uma
comunhão de cada cristão com os méritos de Cristo e o tesouro da Igreja, como
há uma comunhão entre todos aqueles que comungam com o tesouro dos méritos de
Cristo, comunicado pelos sacramentos. Há uma solidariedade entre os fiéis de
Cristo uns com os outros e com os demais seres humanos. Todos aqueles que vivem
em comunhão com Jesus Cristo, podem rezar pelos seres humanos (Rm 1,9; Ef
6,18-20; Tg 5,16).
A comunhão entre os membros de Cristo não é interrompida com a morte.
Entre os peregrinos na terra e os consumados no céu há vínculos de solidariedade
fraterna. Os que deixam de morar no corpo, vão “morar junto do Senhor” (2 Cor
5, 8), são os santos, aqueles que “lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue
do Cordeiro” (Ap 7,14). E se morreram na graça e na amizade de Deus, totalmente
purificados, “vivem para sempre com Cristo”, “semelhantes a Deus” (CIgC, 1023),
podendo interceder por nós, pois os laços de amizade e compromisso permanecem.
Deus, autor da comunhão dos fiéis, faz com que os que estão no céu conheçam as
nossas preces e orem por nós.
O Senhor é a única fonte de todas as graças. Quando pedimos aos santos,
acreditamos que os mesmos intercedem por nós, pois estão em comunhão com Ele.
Adoramos ao Pai e ao Filho, na unidade do Espírito Santo. Cultuamos o
santos em função de Cristo. Veneramos os santos através das imagens, como
recursos catequéticos. Veneramos os santos com as nossas orações e novenas, mas
o melhor lugar de veneração é a liturgia.
A Igreja venera e implora o auxílio da gloriosa Virgem Maria, de São
José, dos apóstolos, dos mártires, dos santos anjos, dos pastores e de todos
aqueles que imitaram mais de perto a Jesus Cristo, praticando as virtudes
cristãs e os carismas divinos. Além dessa intercessão que nos ajuda, os santos
são espelhos onde devemos mirar, modelos de fé, esperança e caridade.
A santidade é dom de Deus, mas Ele conta com a nossa colaboração. As
bem-aventuranças (Mt 5,1-12ª) são indicações no caminho da santidade, um
caminho da verdadeira felicidade, “o bilhete de identidade do cristão”, segundo
o Papa Francisco.
Jesus nos ensina a pobreza no espírito, a dependência de Deus, como
atitude fundamental no seguimento. As demais bem-aventuranças decorrem dessa
opção fundamental.
Dom Paulo Roberto
Beloto, Bispo Diocesano.