33º Domingo do Tempo Comum – Ano A
Reflexão da Liturgia Dominical
Estamos encerrando o Ano Litúrgico, proclamando a vinda gloriosa de
Jesus. Como as Sagradas Escrituras e a Igreja compreendem esse mistério?
Celebramos a presença de Jesus na história, na sua encarnação. O
Catecismo afirma que “o Verbo se fez carne para nos salvar, reconciliando-nos
com Deus”; “para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus”; “para ser nosso
modelo de santidade”, e “para nos tornar participantes da natureza divina”
(CIgC, 457-460). Jesus Cristo é a realização da salvação, com Ele, o tempo já
começou e as realidades futuras iniciaram-se. “O Encontro com Cristo, graças à
ação invisível do Espírito Santo, realiza-se na fé recebida e vivida na
Igreja”; encontramos o Senhor “na Sagrada Escritura, lida na Igreja”; “na
Sagrada Liturgia”, tendo a “Eucaristia como lugar privilegiado”; na “oração
pessoal e comunitária”; na “comunidade viva na fé e no amor fraterno”; “nos
pobres, aflitos e enfermos”; na “piedade popular”, em Maria, São José, nos
apóstolos e santos que “marcaram a espiritualidade e o estilo de vida de nossas
Igrejas” (DAp, 246-275). Os cristãos comprometem-se com a vida, com as
realidades terrestres, em marcha para a verdadeira Pátria.
Professamos no Símbolo dos Apóstolos que Jesus Cristo “foi crucificado,
morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de
vir a julgar os vivos e os mortos”.
“Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice,
anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”, rezamos
na liturgia. Jesus virá uma segunda vez, “para julgar os vivos e os mortos” e
inaugurar “novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça (2 Pd
3,13).
As manifestações do Senhor não são motivos de especulações, apreensões,
apatia e medo. Quando Deus se revela, sua bondade, misericórdia e justiça, vão
além das ameaças. O Senhor nos incentiva à vigilância e prontidão. No seu
discurso escatológico, Ele contou a parábola dos talentos (Mt 25,14-30). O Pai
é o patrão benevolente que nos confiou dons e talentos. Não podemos enterrá-los
ou impedir os outros de colocá-los a serviço. A nossa resposta é corresponder à
graça que recebemos, é assumir com coragem, disposição, diligência e fidelidade
a incumbência de sermos “servidores de Cristo e administradores dos mistérios
de Deus” (1 Cor 4,1).
O testemunho da “mulher forte”, virtuosa e que “teme ao Senhor” (Pr
31,10-13.19-20.30-31), é um exemplo para nós, de procurar o que é essencial e o
que de fato edifica a nossa vida e agrada a Deus.
“Não somos da noite nem das trevas”, mas “filhos da luz e filhos do
dia”. Por isso, não podemos dormir, mas ser “vigilantes e sóbrios” (1 Ts
5,5-6), na prática do bem, todos os dias.
Estamos no tempo oportuno, de arriscar tudo em Deus e viver a sua
vontade, orientados pelo Espírito: viver segundo a sensatez, a sabedoria, a
liberdade, a criatividade, a coragem, a ousadia, a prudência, a vigilância, a
responsabilidade, a sinceridade e a alegria. É tempo da justiça do Reino e da
prática das bem-aventuranças.
Rezemos pelo Dia Mundial dos Pobres.
Dom Paulo Roberto
Beloto, Bispo Diocesano.