2º Domingo do Advento

Reflexão da Liturgia Dominical

O Advento é tempo de espera e de preparação. Aguardamos ansiosos o nascimento do Verbo que vem para nos salvar e revelar o seu amor, indicar um caminho de santidade e nos tornar participantes de sua natureza divina. Qual deve ser a nossa resposta à novidade que é Jesus Cristo? Cada semana nos inspira uma atitude. A palavra chave do 2º domingo do Advento é conversão: é assim que nos preparamos para a vinda do Salvador.

Temos como destaque a figura de João Batista (Mc 1,1-8). Ele lembra os profetas do A.T. Era um asceta que exerceu o seu ministério às margens do rio Jordão. A missão de João foi a de preparar o caminho do Senhor.

No Antigo Testamento converter-se é “voltar para trás”, reatar à Aliança que foi violada pelo pecado e retornar para Deus. Em grego, temos o termo metanóia, que significa arrependimento, conversão, mudança de mente e de coração.  

João Batista seguiu esta tradição utilizando como sinal o batismo: “um batismo de conversão para o perdão dos pecados” (Mc 1,4). Esta posição do profeta já é um grande passo na nossa comunhão com Deus e a fraternidade humana.

O profeta Isaías (Is 40, 1-5.9-11) fala de preparar no deserto o caminho do Senhor. O deserto é lugar de privações, mas também de grandes possibilidades. Nivelar os vales, rebaixar os montes e colinas, endireitar o que é torto e alisar as asperezas são imagens que os padres da Igreja associaram aos nossos apegos, paixões e afeições que atrapalham uma experiência livre da presença de Deus e do seu amor. Enquanto eles estiverem conosco, não é possível rezar de verdade, pois atrapalham a concentração. Não significa negá-los, mas aceitar essa fraqueza, tomá-los nas mãos, encará-los e ordená-los para o bem.  

Jesus é mais que João, Ele “batizará com o Espírito Santo” (Mc 1,8). Em Jesus, Deus toma a iniciativa de nos amar e nos salvar. A conversão é fruto da graça do Espírito, e da nossa parte, respondemos com a nossa fé. Converter-se é crer na pessoa e nas palavras de Jesus, é seguir o seu caminho, é crer na Boa Nova e dar uma resposta de adesão ao Reino. Converter-se é acolher na fé a oferta divina de salvação e viver a vontade e o amor de Deus Pai. É uma abertura confiante do coração contrito à bondade e à misericórdia divinas.

A mudança do coração nos leva a uma nova mentalidade, novos pensamentos, novo comportamento. Deus é o centro de tudo e para Ele deve se voltar a nossa vida. Com Ele, esperamos “novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça”, por isso, devemos nos esforçar para que Ele nos encontre “numa vida pura e sem mancha e em paz” (2 Pd 3.13.14), produzindo os frutos das boas obras.

Advento é tempo de limpar a casa, purificar o coração, tirar de nossa alma os espinhos, extirpar o pecado e ordenar a vida para Deus.  É tempo de fazer a sua vontade, cultivar o amor e a justiça. É tempo de perdoar mais, de generosidade, caridade fraterna e alegria no Senhor.

Advento é tempo de procurar o sacramento da Penitência e da Reconciliação. A Eucaristia é fonte e alimento para uma conversão contínua.

Dom Paulo Roberto Beloto,Bispo Diocesano.