Sagrada Família de Jesus, Maria e José
Reflexão da Liturgia Dominical
A festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José faz parte da liturgia
do Natal. José e Maria acolhem Jesus no aconchego de um lar e correspondem na
fé e no amor à vontade de Deus sobre a família. Quais são os seus desejos sobre
a família?
Em Eclesiástico 3,3-7.14-17ª, os pais são apresentados como
colaboradores de Deus. Honrar, obedecer, respeitar e amparar pai e mãe é
abrir-se às suas bênçãos.
Na Carta aos Colossenses 3,12-21, Paulo diz que somos amados por Deus,
eleitos e queridos por Ele. Como resposta ao seu amor, devemos viver a
misericórdia, a bondade, a humildade, a mansidão, a paciência e o perdão. Essas
virtudes e sentimentos descritos pelo apóstolo reforçam, protegem e enfeitam a
vida comunitária e familiar. O amor é o mais importante. Ele é o vínculo da
perfeição, o centro de tudo, pois vem de Deus.
Lucas 2,22-40 narra o testemunho de José e Maria cumprindo a Lei, em
Jerusalém, apresentando Jesus. São os pobres que acolhem a salvação. “Movido
pelo Espírito”, o “justo e piedoso” Simeão, “tomou o menino nos braços e
bendisse a Deus”, apresenta-o como “luz para iluminar as nações e glória do seu
povo Israel”. Jesus é o único caminho para se chegar a Deus, é a salvação, a
luz para iluminar as nações, sinal de contradição. A cena é um apelo a acolher
Jesus como Senhor e Salvador.
A família é um “dos tesouros mais importantes”, é “patrimônio da
humanidade” (DAp, 432). Ela está no projeto de Deus. Jesus elevou a união homem
e mulher à dignidade de sacramento. A família é um capital, a melhor empresa
que um homem e uma mulher possuem.
A família é um bem para o próprio casal, está ordenada para o bem dos
esposos. O sacramento do matrimônio confere valores aos cônjuges: graça de
Deus, bênção, amor, união, fidelidade, filhos, santidade, realização humana,
afetiva e espiritual. A família é lugar onde o casal faz a experiência de
encontro com Deus, na oração, na participação dos sacramentos, leitura e
meditação da palavra de Deus. O sacramento do matrimônio une o casal, liga os
esposos entre si e os torna uma só carne.
A família é um bem para os filhos, é lugar da geração da vida, da
educação e da formação para os valores. O testemunho dos pais é fundamental na
educação dos filhos.
A família é um bem para a Igreja. É uma Igreja doméstica, na medida em
que os pais educam seus filhos na fé e nos valores cristãos.
A família é um bem para a sociedade. Ela é um capital humano e social
primário do qual a sociedade necessita. Ela é escola de humanização e dos
valores cívicos. Uma das grandes responsabilidades da família cristã na
sociedade atual é a defesa da vida. Os pais devem educar seus filhos sobre o
valor da criação, da vida, da dignidade humana, da tolerância, da justiça, da
solidariedade, da confiança, formando assim a consciência moral dos filhos.
“O que Deus uniu, o homem não separe” (Mt 19,6). A família é dom de
Deus, por isso ele deve estar presente. Ela não se sustenta sem o amor do Pai,
sem a graça de Jesus Cristo e sem a comunhão do Espírito Santo. Jesus é luz
para o casal e para a família. A Trindade une o casal para viver uma comunhão
de amor.
No Matrimônio não se destroem as fraquezas e defeitos de cada um. Mas a
partir da celebração do sacramento haverá no casal uma semente divina, que se
encontrar terreno fértil vai germinar e gerar frutos.
O casal precisa cultivar o amor que os uniu. Ser pai e mãe, esposo e
esposa, é uma vocação de amor. O amor é a única realidade que faz nascer e
manter viva uma família. O amor ocupa o centro do matrimônio.
O amor se concretiza em regras – ascese, disciplina, zelo – como a
oração, o respeito, o perdão, o diálogo, a transparência, o zelo, a
criatividade, o segredo, a simplicidade, a moderação, a união, a fidelidade.
Todas essas virtudes e sentimentos sustentam o casamento.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo
Diocesano.