O lugar da Liturgia na Igreja

Que lugar a liturgia ocupa na Igreja?

Continuando nossa série de estudos sobre a liturgia, poder-se-ia dizer que no próprio documento Sacrossanctum Concilium identificamos qual lugar ocupa a liturgia dentro das diversas ações da Igreja. Ora, embora a liturgia seja a ação eclesial mais notória, vale salientar que não é a única, uma vez que existem tantas outras ações, tais como encontros, formações, retiros, grupos de oração. Diga-se: todos estes encontros são ações da Igreja e para a Igreja.

Mediante estas questões, se pudéssemos fazer uma escala, qual lugar ocuparia a liturgia? Deixemos que a Sacrossanctum Concilium nos responda:

“Contudo, a Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo se reúnam em assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e comam a Ceia do Senhor ¹.”

A liturgia é, portanto, a meta para a qual todas as outras ações da Igreja devem tender, o fim último e a razão de todas as outras ações da Igreja. Por esta razão, faz-se necessário sempre insistir em nossas reuniões, grupos, retiros e sobretudo na catequese sobre essa importância da participação na liturgia da Igreja sobretudo da participação na Santa Missa como nos atesta o documento.

É possível perceber que a liturgia é a fonte, uma vez que dela tiramos força, inspiração, destemor para a realização das mais diversas ações e missões na Igreja. Isso já é atestado desde o início pelo Apóstolo Paulo, pois foi dentro de uma celebração litúrgica que ele recebeu o envio para uma missão: “Na Igreja em Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, conhecido por seu segundo nome, Niger, Lúcio de Cirene, Manaém que era irmão de criação de Herodes, o governador, e Saulo. Enquanto serviam, adoravam e jejuavam ao Senhor, o Espírito Santo lhes ordenou: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a missão a qual os tenho chamado”. Diante disso, depois que jejuaram e oraram, lhes impuseram as mãos e os enviaram.” At 13, 1-3.

Com isso, podemos hoje aprender que a liturgia ocupa na Igreja o primeiro lugar: ela é a meta para a qual devem tender todas as outras ações da Igreja. Ao mesmo tempo, ela é aquele motor que dá força e impulsiona todas as formas de agir que existem na Igreja. Como ficará claro nos próximos artigos, além de a liturgia ajudar a Igreja como um todo, corrobora também com a vida espiritual de cada um que dela participa.


Pe. Danilo Juscelino da Silva
Cerimoniário episcopal, professor de liturgia no Seminário Propedêutico e membro do SEDAL.

[1] Sacrossanctum concilium, §10