14º Domingo do Tempo Comum

"Os nossos olhos, estão fitos no Senhor"

Marcos 6,1-6 narra um episódio ocorrido no ministério de Jesus, em Nazaré, sua cidade, na sinagoga local. A celebração na sinagoga consistia na leitura e explicação de textos das Sagradas Escrituras. A interpretação oficial da Lei cabia aos rabinos, formados para isso. Mas qualquer homem adulto poderia levantar-se para ler e explicar outros textos da Bíblia. Foi o que Jesus fez, lendo e explicando uma passagem do livro do profeta Isaías, segundo Lucas 4,17.

De imediato, Jesus provocou admiração (Mc 6,2). Mas depois escandalizou aqueles que estavam acostumados com as explicações dos mestres da Lei. Quem conhecia Jesus como simples carpinteiro tinha dificuldades para entender a novidade e acolher os seus ensinamentos.

O escândalo é a rejeição da pessoa de Jesus. Pela fato dele ser como aqueles que ouviam, não é aceito. A rejeição é provocada pela falta de fé (Mc 6,6). A origem simples de Jesus tornou-se um obstáculo à sua missão de profeta. Os seus conterrâneos não conseguiam ver no carpinteiro de Nazaré a manifestação de Deus. É preciso ter fé para se ver em Jesus a encarnação da sabedoria e do poder de Deus.

O profeta Ezequiel experimentou as dificuldades e as dores do exílio na Babilônia. Ajudou o povo a ler os fatos e a viver o verdadeiro projeto de Deus. Fez uma extraordinária experiência da presença divina, da glória e santidade de Deus. Isto foi tão forte que ele caiu por terra (Ez 1,28). O espirito, isto é, a força de Deus, o colocou de pé. Aquele que lhe falava o envia em missão para dizer a um povo rebelde, de cabeça dura e coração de pedra; um povo que rejeita a palavra, que não quer ouvir, que resiste e não acredita mais, que se fecha à graça. Ezequiel sofreu diante dessas atitudes do povo, mas anuncia a sua missão, mesmo sendo rejeitado. A rejeição ao profeta é ao próprio Deus (Ez 2,2-5).

Em 2 Coríntios 12,7-10 Paulo partilha as ações de Deus em sua vida. Em sua fraqueza, Deus se manifesta. Basta a sua graça. Diante das dificuldades, a graça do Senhor é a sua força.

      A liturgia da Palavra nos transmite esses ensinamentos:

Somos chamados a vencer as forças de dominação que alienam e impedem a ação de Deus em nós. Negar e fechar-se a Deus é ir contra a sua graça. O pecado é rejeitar a Deus. Rejeitamos a Jesus quando não aceitamos a sua doutrina exposta nos Evangelhos e pela Igreja;

Devemos acolher a fé como um dom de Deus, na oração e na humildade e, nela, aceitar a sua ação em nossa vida. Deus é fiel às suas promessas;

Não devemos esmorecer nas dificuldades, e saber enfrentar com confiança os problemas. É preciso rezar, pois a oração nos coloca em comunhão com Jesus e assim ele agirá em nós. A oração ajuda a discernir e amadurecer as nossas opções e decisões.

O que nos sustenta no caminho da fé é a graça de Deus. A sua justiça é de perdão e misericórdia, fundada na gratuidade do amor.

Dom Paulo Roberto Beloto,

Bispo diocesano.