27º Domingo do Tempo Comum

"Abençoa, Senhor, as famílias! Amém! Abençoa, Senhor, a minha também!"

Marcos 10, 2-16 traz ensinamentos sobre o matrimônio e a simplicidade. Jesus respondeu aos fariseus a pergunta sobre o divórcio.  A Lei de Moisés permitia em alguns casos a carta de divórcio (Dt 24,1-3). Segundo o Mestre, esta permissão tem a sua origem na “dureza do coração”, na desobediência ao projeto de Deus. A sua intenção original não é a separação de homem e mulher, pois foram criados para um relacionamento estável, permanente e indissolúvel. “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). A união de ambos é dom de Deus. Homem e mulher devem se unir na liberdade, na harmonia, na fidelidade, no amor e no compromisso mútuo.   Esta união e a felicidade da família vêm da resposta de ambos à intenção do Criador. Na vida da graça, os cônjuges formam uma só carne e se completam no encontro, celebram uma unidade de sentimentos e projetos.


O casamento, por sua natureza, é uma vocação. É lugar de encontro, reconhecimento, complementaridade, perdão e realização. Entre os cristãos, foi elevado por Jesus Cristo à dignidade de sacramento. Ele une o casal. Em Cristo, a família adquire o seu caráter sacramental e a sua santificação. Daí que o amor, a abertura à vida, à sexualidade e à fecundidade e à paternidade responsável são referências básicas. O sacramento do Matrimônio é sinal do amor de Deus pela humanidade e da entrega de Cristo por sua esposa, a Igreja. Na comunhão da Trindade, a família tem sua origem, seu modelo, sua motivação e seu destino. O sacramento do Matrimônio confere valores à união conjugal e à família: graça de Deus, bênção, vocação, amor, liberdade, consentimento mútuo, indissolubilidade, união, fidelidade, abertura à vida, fé, compromisso, igualdade, compreensão, partilha, renúncia, diálogo, perdão.


Deus quer a família construída sobre o alicerce da unidade e da santidade. Nesta sua vontade está a realização da vida familiar. A família só será feliz e integrada se viver de acordo com os desígnios do Pai e em sintonia com Ele.


No Sacramento do Matrimônio, o casal recebe as graças para viver as virtudes necessárias para a vida conjugal e familiar. Mas o Matrimônio não é um ato mágico. No altar não se destroem as fraquezas e defeitos de cada um. O casal e a família precisam fazer um caminho: que se concretiza em regras – ascese, disciplina, zelo. A partir do Sacramento são lançadas no canteiro da vida familiar as sementes divinas que se encontrarem terreno fértil irão com certeza germinar e se transformar em plantas, flores e frutos da vida.


A família é uma vocação, é um serviço de amor. Ser pai, ser mãe, esposo e esposa; ser filho e filha é uma vocação de amor. O amor é o sustento e a base da vida familiar. O amor de Deus, revelado por Jesus Cristo, é a coisa mais bela e importante que uma pessoa tem e pode oferecer. A prática desse amor na vida familiar é mais necessária do que qualquer outra necessidade. O amor é a vocação fundamental da vida familiar. Não há verdadeira vida familiar fora do amor de Deus.


Jesus apresentou a criança como modelo para se acolher o Reino. A vida do Reino é dependência e entrega a Deus. A sua lógica é a pequenez e a simplicidade.


Iniciamos o mês dedicado às missões, rezando por esta dimensão que constitui a vocação da Igreja, sua verdadeira identidade: evangelizar. Esta palavra chave resume toda a ação de Jesus Cristo e da Igreja. Nascida por obra do Espírito Santo (At 2,1-4), ela recebeu do Senhor a força necessária para continuar a sua obra redentora e salvadora.


 


Dom Paulo Roberto Beloto,

Bispo Diocesano.