29º Domingo do Tempo Comum

“Ide e convidai a todos para o banquete” (Mt 22,9)

Marcos 10,35-45 narra o episódio dos filhos de Zebedeu, logo após o 3º anúncio da paixão. Tiago e João pedem a Jesus lugares de destaque e honras, querem privilégios quando ele estiver na glória: “sentar-se à sua direita e à sua esquerda”. Jesus chamou a atenção dos dois discípulos por esta falta de humildade. Eles podem até ter a mesma sorte do Mestre: “beber do seu cálice “e “ser batizado com o seu batismo”, isto é, experimentar o sofrimento, a dor e a morte. Mas conceder lugar à sua direita ou à esquerda, depende de Deus.

O caminho de Jesus é de despojamento, de serviço e amor que se entrega. Quem o segue não pode pensar e agir como os chefes das nações que oprimem e tiranizam. Segui-lo não confere títulos, direitos ou vantagens. Ele inverte a lógica dos reinos deste mundo. “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos... O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Mc 10,44-45).

Jesus é o exemplo e o modelo de serviço. No contexto da celebração da Ceia com os Doze, ele realizou um gesto desconcertante, lavando os pés dos discípulos. Foi um ato de amor e humildade, revelando um Deus que serve, amando. Após o gesto, ouvimos de sua boca esse ensinamento: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que também vós façais como eu fiz” (Jo 13,14-15). Enquanto criados no Verbo, somos servidores. Nossa missão é amar e servir.

Corremos o risco dos desejos de Tiago e João, ou da atitude ameaçadora de Judas, traindo Jesus, ou da resistência de Pedro, que não entendeu o seu ato e teve dificuldade para acolher o caminho do serviço e da cruz.

O Senhor nos salva com o seu amor. É preciso deixar que ele nos ame, pois é esse amor que nos faz ser e nos inspira também a amar e servir.

Isaías 53,10-11 traz alguns versículos do quarto canto do Servo do Senhor, falando de sua fidelidade em oferecer a sua vida pela nossa redenção. Deus lhe concedeu a luz e a vitória. Ele está junto daqueles que são fiéis à justiça, que se colocam a seu serviço para testemunhar a verdade, mesmo enfrentando sofrimentos e provações. A dor do servo é causa de libertação, resgate e salvação. Sua fidelidade à justiça fará outros justos.

Jesus assumiu a missão do Servo. É o Filho do Homem que se ofereceu para a nossa redenção, o Messias sofredor, enviado pelo Pai para reconciliar tudo consigo (2 Cor 5,19).  É o sumo sacerdote que “entrou no céu”, que se compadeceu “de nossas fraquezas” (Hb 4,14.15). Sua fragilidade é poder e sabedoria de Deus (1 Cor 1,24).

A Palavra nos convida a nos aproximarmos “com toda confiança do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno” (Hb 4,16).

A fé é um encontro de amor com Jesus que nos salva. Sua solidariedade com as nossas dores, crises e sofrimentos, é o nosso consolo e a nossa força. É também a inspiração para vivermos o serviço e a caridade fraterna. Jesus nos libertou para a liberdade (Gl 5,1). Agora somos livres para amar e servir, em seu nome.

Celebrando o Dia Mundial das Missões, acolhemos a Mensagem do Papa Francisco, inspirada na parábola do banquete nupcial: “Ide e convidai a todos para o banquete” (Mt 22,9). A missão é incansável e convite para a festa do Senhor; o banquete é imagem da salvação final do Reino de Deus; todos são chamados à missão universal dos discípulos de Cristo e a Igreja é toda sinodal-missionária. A missão para todos requer o empenho de todos. O Papa pede a intercessão de Maria para a missão evangelizadora dos discípulos de Cristo.

Quando celebramos a Eucaristia recebemos o Senhor que nos serve e nos alimenta com a sua Palavra e o seu Corpo e Sangue. Recebendo Jesus e o seu amor, podemos também fazer de nossa vida uma oblação e um serviço missionário.

               

Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.