Apresentação do Senhor
A apresentação do Menino Jesus mostra que ele pertence ao Pai, é o enviado de Deus e entregue em suas mãos.
A festa da Apresentação do Senhor é antiga na tradição cristã. É celebrada 40 dias depois do Natal, para recordar um fato, o cumprimento da lei mosaica por José e Maria: o oferecimento do primogênito ao Senhor e a purificação ritual da mãe. Este pertencia a Deus e poderia ser resgatado mediante um sacrifício. José e Maria ofereceram o sacrifício dos pobres: “um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2,24).
A apresentação do Menino Jesus mostra que ele pertence ao Pai, é o enviado de Deus e entregue em suas mãos.
A figura de Simeão tem um significado especial. A Bíblia conta que ele era um homem “justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele” (Lc 2,25). Tinha a presença e a força de Deus. O seu canto (cf. Lc 2,29-32) apresenta Jesus como a salvação, a luz das nações e glória do povo. Jesus é sinal de contradição. Veio revelar a verdade sobre Deus. Sua mensagem provoca uma mudança na maneira de viver. É uma presença interpeladora que obriga uma tomada de decisão. Aprendemos do velho Simeão a acolher Jesus com alegria como nosso Senhor e Salvador. Ele é a luz que não pode se apagar em nós.
Jesus é o “sumo sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a fim de expiar os nossos pecados” (Hb 2,17). Assumiu a nossa condição humana para nos libertar. “É o Senhor onipotente, o rei da glória” (Sl 23,4). É o nosso socorro nas tentações e dificuldades, o mediador junto do Pai. A sua presença é como o fundidor que fazendo passar o ouro e a prata pelo fogo, purifica-os e elimina o que não é autêntico. É como o sabão que lava as sujeiras do nosso coração (cf. Ml 3,1-4).
A festa da Apresentação do Senhor é também conhecida como a festa do encontro: primeiro de José, Maria, e principalmente Jesus, com Simeão e Ana. Retrata o encontro de Deus conosco na Igreja. Somos convidados a dar as boas-vindas a Cristo e o acolhermos como nosso Senhor, nosso Sacerdote e nossa luz. O templo deve ser o nosso coração.
Recebendo Jesus como luz e salvação, também assumimos essa missão de ser luz na vida de nossos irmãos e irmãs. O próprio Senhor vai nos incumbir dessa missão: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). Ser luz é acolher Jesus e praticar a verdade e o amor. O Batismo nos torna portadores da luz de Jesus e da sua sabedoria e comunicadores da sua verdade.
“Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade e de justiça e de verdade” (Ef 5,8-9). “Fazei tudo sem murmurar nem comentar, para que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração perversa e corrupta, na qual brilhais como luzeiros no mundo” (Fl 2,14-15). Essa é a missão do cristão: assumir a dignidade e a santidade batismal, dar testemunho do Evangelho, caminhar com a força do Espírito, na obediência a Deus; caminhar na luz da fé, no amor, na acolhida, no perdão, na paciência, na alegria, na solidariedade, na responsabilidade e na vida fraterna.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.