Mensagem de Páscoa

Celebramos a Páscoa do Senhor e a nossa Páscoa, em sintonia com o Ano Jubilar, que tem como tema central a esperança. É preciso “reanimar a esperança”, nos exorta o Papa Francisco.

A esperança, a fé e a caridade exprimem a essência da vida cristã. Essas virtudes nos “dispõem a viver em relação à Santíssima Trindade, têm a Deus por origem, causa e objeto, Deus conhecido pela fé, esperado e amado por causa de si mesmo” (CIgC, 1840).

A esperança definitiva se concretiza em Jesus Cristo. A esperança assumida, vivenciada, realizada e anunciada por ele vai além das realidades históricas. A ressurreição é o núcleo central da fé cristã (1 Cor 15,1-29). Jesus foi o primeiro a ressuscitar e a experimentar a comunhão com o Pai. Nele, nós também desejamos essa felicidade da vida eterna.

Não se pode provar cientificamente a ressurreição de Jesus Cristo, mas nem negá-la. Acolhemos o que vem da tradição: a descoberta do sepulcro vazio, a ideia do terceiro dia e principalmente as aparições e os encontros com o Senhor ressuscitado, que desde os primórdios da Igreja consolidaram a sua profissão de fé no Senhor ressuscitado: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e, ao terceiro dia, foi ressuscitado, segundo as Escrituras; e apareceu a Cefas e, depois, aos Doze” (1Cor 15,3-5). Os fatos são narrados nos evangelhos e nos escritos dos apóstolos inúmeras vezes. É impossível que tanta gente tenha se equivocado ou inventado essa realidade.

As aparições são acontecimentos exteriores, mas tão impressionantes que ficaram gravados nas almas dos discípulos e mudaram completamente as suas vidas. Eles precisaram fazer essa experiência, pois haviam perdido a esperança. Após a morte de Jesus, ficou um vazio. Os encontros com o Senhor ressuscitado foram curando as feridas, as dúvidas, as decepções e o medo. Com o tempo, a sua presença foi criando raízes nos corações. Jesus ressuscitado é o mesmo que viveu e caminhou com os discípulos, mas agora ele vive de modo novo na dimensão do Deus vivo.

“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus” (Jo 20,1). Cristo foi ressuscitado no terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Cor 15,4). Domingo é o primeiro dia da semana, ocasião em que algo extraordinário aconteceu, que foi a ressurreição do Senhor Jesus. Tornou-se o seu dia e o da Igreja (1 Cor 16,2; At 20,7; Ap 1,10), dia litúrgico por excelência, quando celebramos e vivemos o mistério pascal.

“Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!” O versículo 24 do Salmo 118 nos acompanha no Domingo e Oitava da Páscoa. Celebramos com alegria e exultação a ressurreição do Senhor.

O tempo da Páscoa que estamos iniciando quer nos educar para a presença interior de Jesus ressuscitado, em nosso coração. É uma experiência que nunca se esgota, mas requer da nossa parte fé, abertura e docilidade. Alguns falam de moral pascal: um caminhar segundo o Espírito, na obediência a Deus e escuta atenta e vivência da Palavra, na fé, vida de oração e sacramental, no amor, na acolhida, no perdão, na paciência, na alegria, na solidariedade, na responsabilidade, na paz e na vida fraterna. É caminhar na amizade e na santidade dos filhos e filhas de Deus.

O Espírito que deu a vida ao corpo de Cristo, dá a vida à Igreja e aos fiéis. Quem está nele, é “criatura nova” (2 Cor 5,17), vive a vida nova (Rm 6,4), dada no Batismo, na Confirmação e Eucaristia, busca as “coisas do alto” (Cl 3,1), onde Ele está.

Uma santa e feliz Páscoa a todos.                                             

Dom Paulo Roberto Beloto,

Bispo Diocesano.