2º Domingo da Páscoa
João 20,19-31 narra a manifestação de Jesus aos discípulos, e numa segunda vez, com a presença de Tomé. As cenas convidam a acolher vários bens.
Jesus ressuscitado. “Jesus entrou e, pondo-se (pôs-se) no meio deles... Mostrou-lhes as mãos e o lado... Vimos o Senhor... Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado” (Jo 20,19.25.26.27). Quem se manifesta é o mesmo Jesus que os discípulos conheceram e foi crucificado, pode ser tocado, é visto, conversa com os mesmos, mas agora com o corpo glorificado. Nada detém a sua presença. Para os discípulos foram necessários as aparições e os sinais da ressurreição, pois haviam sido atingidos pelo escândalo da cruz. São experiências exteriores que atestam que o Senhor está vivo, ajudam a superar as dúvidas, a curar o medo, a superar a tristeza, o fechamento e a decepção. Conhecemos Jesus à luz da ressurreição. O tempo da Páscoa nos educa para uma presença interior daquele que vive, que é o Kyrios, o único Senhor, o “Primeiro e o Último” (Ap 1,17), num encontro pessoal e íntimo que nunca se esgota e que dá sentido à nossa história.
O Domingo. “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana... Oito dias depois” (Jo 20,19.26). João diz que foi arrebatado no “dia do Senhor” (Ap 1,10). Dia da ressurreição do Senhor, da nova criação, quando fazemos memória de Cristo morto e ressuscitado e da sua infinita misericórdia. É o dia litúrgico por excelência, quando vivemos todo o mistério de Cristo e da Igreja.
A cura do medo. “Estando fechadas, por medo dos judeus, as portas” (Jo 20,19.26). Jesus ressuscitado cura do medo. A sua presença não isenta de dificuldades, mas ajuda a superá-las, gera ânimo e coragem.
A Igreja. “Lugar onde os discípulos se encontravam... Reunidos em casa” (Jo 20,19.26). “Todos os fiéis se reuniam, com muita união, no Pórtico de Salomão” (At 5,12). Jesus se apresenta e se manifesta com a comunidade reunida. Ele está presente na vida dos discípulos e da Igreja. Vivemos nossa fé e servimos a Cristo na Igreja.
A paz. “A paz esteja convosco” (Jo 20,19.21.26). A paz é dom de Jesus ressuscitado. É sinal do Reino. É a paz interior que nasce da certeza de sermos amados por Deus, e que ninguém pode tirar. A perturbação é do inimigo. Se Deus nos ama, por que nos perturbar?
A alegria. “Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor” (Jo 20,20). A presença do Senhor gera alegria. Ele é a fonte da alegria, pois realiza grandes coisas na vida do seu povo. O motivo principal da nossa alegria é que Deus existe e isso basta.
A missão e o testemunho. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). Os discípulos são testemunhas de Jesus ressuscitado, do seu Evangelho, da paz, do amor e da bondade de Deus. “Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos” (At 5,12).
O dom do Espírito. “Soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). O Espírito é o sopro de Jesus ressuscitado sobre os discípulos e sobre a Igreja. É o sopro da graça, do amor, da fonte viva, da unção divina.
O Sacramento da Reconciliação e da Penitência. “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). Nas pessoas dos discípulos, a Igreja recebeu de Jesus o poder de perdoar. Ela é depositária e dispensadora do perdão. É a casa da misericórdia.
A cura da dúvida. “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei... Não sejas incrédulo, mas fiel... Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,25.27. 28). Jesus cura a dúvida de Tomé. É bom ter espírito crítico, mas sem exageros. O exagero pode levar a amargura. Muitas vezes desconfiamos de Deus, e corremos o risco de acreditar em tantas mentiras.
Bem-aventurança da fé. “Bem-aventurados os que creram sem terem visto! ... Estes (sinais) foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,29.31). “Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé” (At 5,14).
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.