Bem-aventurada Virgem Maria da Conceição Aparecida
Por ocasião de sua primeira viagem ao Brasil, em 1980, São João Paulo II celebrou a Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida.
Na sua homilia, chamou a atenção para um cântico muito conhecido do povo brasileiro: “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!” “Ele é, - dizia o Papa – na ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma, uma saudação, uma invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de Deus, nos foi dada por seu Filho Jesus no momento extremo da sua vida para ser nossa Mãe”.
“Viva a Mãe de Deus e nossa”. É o primeiro dogma mariano. Maria é a Theotókos, geradora de Deus. É um título mariano que ilumina os demais. O dogma da maternidade divina foi definido pelo Concílio de Éfeso, no ano de 431. Maria é mãe de Jesus, como homem e como Deus. Ela é a mãe da pessoa de Jesus na sua totalidade. Ela experimentou uma gravidez normal, gerou Jesus e acompanhou, junto com José, o crescimento normal do filho. Em relação ao Pai, Maria é a filha predileta e escolhida, agraciada com ternura pelo Criador. Em relação a Deus Filho, Maria é mãe, educadora, intercessora, discípula e companheira. Maria é cheia do Espírito Santo, tornou-se um templo vivo de Deus. Maria é também nossa mãe. É a mãe dos filhos no Filho Jesus. Continua gerando os cristãos no mistério da Igreja. A Igreja e cada cristão participam da maternidade de Maria. A Igreja é nossa mãe, que nos acolhe, nos gera na fé, nos alimenta e nos acompanha através da Palavra, da oração, dos sacramentos e da vida fraterna. E cada cristão é mãe como Maria, pois gera Cristo na sua alma e no seu coração.
“Sem pecado concebida, viva a Virgem Imaculada”. Mais dois dogmas marianos aprecem nos versos da música. O dogma da Imaculada Conceição, proclamado por Pio IX, em 8 de dezembro de 1854. Reconhece a santidade de Maria: ela não conheceu o pecado, para que fosse a digna Mãe do Filho de Deus. Nela habita a graça, por isso é toda santa. Maria recebeu do Senhor graças especiais. Ela nasceu e viveu mais integrada do que qualquer outra pessoa, com mais capacidade de ser livre e acolher a proposta divina. Mas ela é humana como nós. Também se esforçou para ser peregrina na fé.
O Concílio de Constantinopla II, em 553, afirmou que Jesus encarnou-se da gloriosa Theotókos e sempre virgem Maria. O Concílio Lateranense, em 640, disse que Maria é santa e sempre virgem, concebeu do Espírito Santo, deu à luz sem corrupção e permaneceu virgem depois do parto. Paulo IV, em 7/8/1555, afirmou que Maria é sempre virgem, antes do parto, durante o parto e depois do parto. “Maria, permaneceu Virgem, concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre” (CIgC, 510).
“A Senhora Aparecida”. A imagem colhida pelos pescadores nas águas do Rio Paraíba, era a de Nossa Senhora da Conceição. O nome Aparecida veio mais tarde. A Basílica tem o nome de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Os títulos “Virgem santa, virgem bela, mãe amável, mãe querida... mãe terna e compadecida”, revelam o carinho e a confiança do povo em nossa Senhora.
A festa solene da Bem-aventurada Virgem Maria da Conceição Aparecida destaca a missão de nossa Mãe como intercessora. Ela é a nossa “Advogada, Auxiliadora, Socorredora e Medianeira”, sem nada contrariar ou acrescentar “à dignidade e eficácia de Cristo, o único Mediador" (LG, 62).
O Evangelho da Missa narra as Bodas de Caná (Jo 2,1-11), quando Maria intercedeu pelos noivos numa festa de casamento. “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2,5). Peçamos a Maria que interceda por nós: que ela nos leve a Jesus, porta da nossa salvação e nossa esperança. Sem ele, nossa vida não tem alegria.
Peçamos a Mãe de Deus e nossa, que interceda pelo nosso Brasil, por nossas famílias e nossas crianças, que necessitam da misericórdia, das bênçãos e proteção do Senhor. Cantamos, pedindo que Maria nos ampare, nos socorra e nos proteja. Ela é a Mãe que cuida de nós, por causa de sua maternidade na ordem da graça e por causa de sua caridade maternal.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.