29º Domingo do Tempo Comum
“Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir” (Lc 18,1).
Ele falou daquilo que viveu: sua vida foi uma oração permanente. Os evangelhos apresentam-no rezando com muita frequência, principalmente o evangelista Lucas. Para ele, o fim último da oração era a sua comunhão e obediência ao Pai: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo sua obra” (Jo 4,34). O Senhor rezou nas diversas circunstâncias, mas realizou a perfeição da oração na paixão e morte. No drama do abandono, da humilhação, do desprezo, da condenação, da dor e da morte, Jesus ficou só com o Pai. A ressurreição é o coroamento da sua oração. Ele foi para o Pai, mas está presente, e a nossa oração é atendida em Jesus, pois nele Deus se comunica.
A história que Jesus contou foi a de uma viúva persistente no seu pedido de justiça, atendida por um juiz “que não temia a Deus” e não respeitava ninguém (cf. Lc 18, 2-5). Se o juiz que era injusto respondeu a sua insistência, quanto mais Deus que é bom e misericordioso, responde aos nossos pedidos.
A oração é um meio de se entrar em comunhão com o Senhor. Ela se apresenta como uma realidade fundamental. É tão ou mais importante do que qualquer outra atividade humana. Sem a oração ficamos às escuras sobre Deus e sobre nós mesmos. Ela é um encontro com Cristo.
A oração é uma necessidade, mas nem sempre é fácil rezar. Encontramos muitas dificuldades nesse caminho. Mas elas aparecem para quem se propõe a orar. Nunca devemos abandonar a oração por causa das nossas dificuldades ou pecados, pois deixar a oração é perder o caminho.
“Eu levanto os meus olhos para os montes: de onde pode vir o meu socorro? “Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra!” (Sl 120,1-2). “O Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza” (Rm 8,26), intercede por nós, mas necessita de nossa colaboração. A oração é um caminho, por isso precisamos aprender a orar. É uma expressão de nossa fé e confiança em Deus: “O Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8).
Há vários pressupostos para a vida de oração. No Evangelho, Jesus aconselha a perseverança, a decisão firme e convencida no caminho para Deus. Como encontramos resistências, precisamos de persistência na oração. É preciso esforço e determinação, uma expressão típica de Santa Teresa de Jesus. É uma atitude que define o orante na sua totalidade. Precisamos das regras da amizade, da perseverança, fidelidade, vigilância, disciplina e conversão no exercício da oração. Procurar o caminho para Deus através da oração não é fácil. É preciso esforço. A determinada determinação teresiana significa a vontade decidida de ajudar Cristo a levar a cruz em uma libertação de todo gosto e consolação.
Devemos “orar sem cessar” (cf. 1 Ts 5,17), orar bem, e sempre. Por isso é necessário vontade e empenho com toda a vida. O Pai convida, se revela, se oferece, se doa, toma a iniciativa do encontro, a nós, seus filhos e filhas, cabe seguir a sua voz, refazer o caminho, ter paciência, mortificação interna e fidelidade.
Perseverança foi a atitude de Moisés na sua oração de intercessão na montanha, de braços erguidos, enquanto Josué e seus homens combatiam os amalecitas (cf. Ex 17,8-13). Firmeza, insistência e paciência pede Paulo ao discípulo Timóteo na pregação da palavra, pois “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra” (2 Tm 3,16).
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.