2º domingo do Advento
O Advento é tempo de espera e de preparação. Aguardamos ansiosos o nascimento do Verbo, que vem para nos salvar, revelar o seu amor, um caminho de santidade e nos tornar participantes da natureza divina.
Qual deve ser a nossa resposta à novidade que é Jesus Cristo? A palavra chave do 2º domingo do Advento é conversão.
No Antigo Testamento, converter-se é “voltar para trás”, reatar à Aliança que foi violada pelo pecado e retornar a Deus. Em grego, temos o termo metanóia, que significa arrependimento, conversão, mudança de mente e de coração.
A figura de João Batista se destaca (cf. Mt 3,1-12). Ele lembra os profetas do Antigo Testamento. Era um asceta que exerceu o seu ministério às margens do rio Jordão. A sua missão foi a de preparar o caminho do Senhor e a vinda do Reino.
João iniciou o anúncio da nova justiça. Encontrou inspiração para a sua pregação no deserto da Judéia. Ali fez a experiência de Deus e descobriu o verdadeiro sentido da justiça do Reino.
A mensagem central de João foi a pregação da penitência e a conversão diante das instauração do Reino. Atraiu discípulos com a sua maneira de pregar e viver: simplicidade de vida e batismo de conversão.
O maior dos profetas questionava o modo de viver de alguns grupos de sua época, ligados ao poder político e à religião. Aqueles que detinham o poder precisavam se converter, ir ao deserto, lugar de encontro com Deus e lugar da justiça. Quem não se abrir à prática de uma nova justiça, não entrará no Reino.
Jesus é o Messias, o novo mediador da justiça. Ele batizará com o Espírito Santo e com o fogo, purificará os corações para uma vida nova.
Deus não quer o pecado, mas sim a nossa participação na sua santidade. Quem não se converter à justiça divina será queimado como a palha seca. O critério para se entrar no Reino é a conversão, a prática das obras de justiça.
Isaías 11,1-10 é um poema que descreve o rei ideal que Deus irá suscitar. O texto apresenta a esperança do renascimento da dinastia davídica: Jessé é o pai de Davi.
O toco é o símbolo de uma dinastia decadente. Dele nascerá um broto, um rebento que irá governar com justiça. O broto é o novo rei que pertence a todo Israel. Os dons representam a sua capacidade de governar, eles vêm de Deus. É o Espírito quem conduz a nossa vida. O Novo Testamento vê o cumprimento deste oráculo de Isaías em Jesus de Nazaré.
Paulo convida a comunidade a viver a acolhida e o serviço fraterno. Jesus é o modelo e a inspiração para esta prática. Ele veio para servir e dar a vida. A misericórdia era a sua missão. Quando seguimos a Jesus, estamos glorificando a Deus (cf. Rm 15,4-9).
O Tempo do Advento suscita a nossa conversão, a prática das boas obras e da justiça do Reino. Algumas expressões bíblicas definem e convidam à conversão: “nascer do alto”, “nascer da água e do Espírito” para poder ver e entrar na dinâmica do Reino de Deus (Jo 3, 3.5.7), “vida nova” (Rm 6,4), “nova criatura” (2 Cor 5,17), “coisas do alto” (Col 3,1.2). São primeiramente ações do Espírito Santo em nossa alma, que exigem de nós um ato de fé, uma experiência pessoal de conversão e de abertura à graça de Deus que o Tempo do Advento quer suscitar.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.



