4º Domingo do Advento

O 4º Domingo do Advento destaca a virtude da obediência. Obedecer é ser fiel ao chamado de Deus, é fazer a sua vontade.

Nesse sentido, Jesus é o modelo de obediência e fidelidade. Toda a sua vida foi um ato de obediência, que consiste em fazer a vontade do Pai (cf. Jo 5,30; 6,38; 7,16-17; 8,29; Fl 2,8; Hb 5,8; 10,5.7). É o servo fiel: “Meu alimento é a vontade do Pai; é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra” (Jo 4,34). O que o Pai quer é a realização do Reino, a salvação dos seus filhos (cf. Jo 6,39). A obediência de Jesus é entendida dentro do plano da salvação.

A liberdade de Jesus é inseparável da sua obediência. Ela consiste em corresponder ao amor do Pai. Ele é livre por cumprir inteiramente esta vontade. A obediência ao Pai está no próprio coração do sacerdócio de Cristo.

Jesus nos ensina a resolver as dificuldades da obediência através da oração. Ele fez-se servo e obediente até à paixão e morte de cruz (cf. Mc 14,36; Fl 2,8). Deu-nos o exemplo de entrega total. A obediência é contar só com o Pai, é confiar plenamente nele e entregar-se serenamente em suas mãos. Por causa do seu despojamento, Jesus foi atendido pelo Pai (cf. Hb 5,7). A ressurreição é o coroamento de sua obediência e entrega total. Paulo diz que por Jesus “recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome” (Rm 1,5).

Da contemplação do mistério de Jesus Cristo, o Filho obediente em tudo, nasce a obediência dos discípulos, que consiste em fazer a vontade de Deus, isto é, fazer o que lhe agrada. É um ato de fé em Deus.

O tempo do Advento nos apresenta figuras tementes a Deus, que acolheram o seu chamado, foram solícitas e se ofereceram para servi-lo. José e Maria se destacam. José era descendente de Davi (Mt 1,1.20; Lc 1,27) e estava comprometido com Maria. Quando soube da notícia de que ela estava grávida, ficou confuso e resolveu terminar o noivado e deixá-la secretamente, sem comentar nada com ninguém. Através de um sonho, ficou consolado com a revelação do anjo do Senhor de que o Menino era Filho de Deus e que ele deveria manter o casamento. “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa” (Mt 1,24). Nas poucas palavras da Bíblia sobre José, temos uma afirmação importante: ele era um “homem justo” (Mt 1,19). Ser justo na tradição bíblica é ser obediente e fiel à palavra de Deus.

Qual é a vontade do Pai? É a que se manifesta através dos mandamentos, é a nossa salvação, a nossa vida, a prática do amor e da justiça, a nossa reconciliação em Cristo, a nossa santificação. A vontade do Pai é o caminho da vida e da alegria do Reino. Viver a obediência é acolher a graça de levar adiante o plano de amor de Deus por nós. Somos responsáveis pela sua vontade. Unidos a Jesus e com a força do seu Espírito podemos realizar esta incumbência.

A obediência é uma virtude que nos torna muito gratos a Deus. Ela acontece por amor: tanto da que se deve a Deus e aos seus mandamentos, da que se deve à Igreja.

José e Maria são modelos perfeitos de disponibilidade ao Senhor. A obediência é expressão da vontade de Deus, consiste em fazer o que lhe agrada. A encarnação do Verbo foi possível com o sim de José e Maria.

Dom Paulo Roberto Beloto,

Bispo Diocesano.