24º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Reflexão da Liturgia Dominical

Marcos 8,27-35 narra a profissão de fé de Pedro, em Cesaréia de Felipe. Este fato é tão importante que aparece nos três evangelhos sinóticos (Mt 16,13-20; Mc 8,27-35; Lc 9,18-22), com semelhanças e alguns acentos próprios de cada evangelista.

Jesus quer saber o que as pessoas pensam dele. Ainda não havia uma compreensão clara do seu messianismo, confundiam-no com um dos profetas. Ao responder em nome do grupo a pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?”, Pedro reconheceu nele algo além das imagens limitadas que as pessoas tinham: Ele é o Messias, o consagrado do Pai.

Messias, em hebraico, ou Cristo, em grego, significa Ungido. É um dos títulos que mais aparece nos evangelhos e que mais define a pessoa e a missão de Jesus: Ele é o Filho de Deus que foi ungido pelo poder do Espírito, como sacerdote, profeta e rei (CIgC, 436). É o Servo que tem a missão divina de nos salvar e nos reconciliar com Deus. O Pai nos ama, nos perdoa e nos salva na pessoa de Jesus. Deste ato redentor, nós nos gloriamos. Aqui está o coração da fé cristã.     

Após a confissão de Pedro, temos o primeiro anúncio da paixão: Jesus prediz o seu sofrimento, rejeição pelas autoridade, morte e ressurreição. O mesmo que proclamou Jesus como o Messias, agora reage, repreendendo o Mestre. É duramente recriminado, chamado de Satanás, adversário, aquele que age com pensamentos humanos.

A cena encerra-se com os conselhos do Mestre: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la” (Mc 8,34.35).

Confessar Jesus como o Cristo, significa acolher a sua pessoa e missão e tê-lo como Senhor, aquele que tem o domínio sobre a nossa vida, decide e governa a nossa existência; dirige as nossas decisões, desejos e vontades.

Confessar Jesus como o Messias significa também viver a vontade de Deus, acolher e seguir o seu caminho, orientar-se pelos valores do Evangelho. Esta fé se traduz em obras que geram a vida (Tg 2, 17).

Viver para o Senhor é viver para aquele que morreu por nós, que ofereceu a sua vida para nos salvar. É encontrar um tesouro, a verdadeira alegria e felicidade. Só Ele tem “palavras de vida eterna” (Jo 6,68).

Escolher a Jesus proporciona alegria e certeza de felicidade, mas com desafios e cruz. Por isso, somos tentados a olhar para trás, a buscar outras afeições. Deus não quer amores desordenados, não tolera dividir o coração humano com o pecado.

A nossa opção é Jesus. Quando surgirem as resistências, as dúvidas e instabilidades, devemos buscar os meios que ajudam a restabelecer a aliança e a amizade amorosa com o Senhor. Ele é o nosso Auxiliador (Is 50,7.9a). Só nele e no seu Evangelho podemos ganhar a vida (Mc 8,35).

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.