Viver o Batismo

Neste 3° artigo sobre a Carta aos Gálatas, Pe Adilson apresenta os capítulos de 3, 4 e 5.

O Batismo nos liberta da escravidão e nos permite viver a verdadeira liberdade. Os capítulos 3 e 4 da Carta aos Gálatas refletem sobre a significado e as consequências da experiência batismal. Recordemos que Paulo quer ajudar aos gálatas a abandonar o ensinamento errado por parte dos adversários da comunidade. Eles propagavam que os cristãos deveriam antes se submeter às leis judaicas. Para esclarecer a comunidade, o apóstolo parte da história de Abraão, pai do povo eleito, que se tornou justo antes da circuncisão e da lei dada a Moisés. Para Paulo, Abraão foi justificado não pela lei, mas porque confiou nas promessas de Deus, conforme Gn 15,6.

De fato, recorda o apóstolo, com Abraão, todas as nações são abençoadas, pois o cumprimento dessa promessa se deu em Cristo Jesus. Assim, todos os batizados, e não apenas os judeus, são filhos de Abraão e gozam das promessas e da herança oferecidas a ele. Essa promessa, portanto, não está vinculada à circuncisão, nem às leis dadas posteriormente a Moisés. Por isto, não cabe fazer tais exigências aos gentios que se convertem fé em Cristo.

Outro argumento utilizado por são Paulo é que Abraão foi também estrangeiro, não nasceu em Israel, mas em Ur. Portanto, foi o primeiro a deixar os outros deuses para adorar o Deus que a ele se revelou, tornando-se pai do povo de Israel. E foi considerado justo, porque confiou nas promessas dadas por Deus. Por isso, ele é o pai daqueles que têm fé em Cristo e que são justificados por essa fé. Paulo conclui que os gálatas são justificados pela graça e não pela lei (Gl 3, 7-14).

Na sequência da carta, o apóstolo demonstra que a lei foi importante. Ela foi necessária para que o povo tomasse consciência das suas transgressões e do pecado. Assim, a lei é espiritual, boa e divina, porém, atingiu seu objetivo com a vinda de Cristo (Gl 5, 14). Ela serviu como uma pedagoga, que orientou o povo de Deus. Mas, a partir de Cristo, quem é batizado deve procurar agir baseado numa lei maior, a lei do amor. E isto transforma a vida de todos. Como consequência da vida nova em Cristo, antigas distinções de raça, classe, gênero presentes na sociedade já não podem ser reproduzidas nas comunidades, pois somos todos irmãos e irmãs em Cristo.

Outra imagem utilizada por são Paulo para ajudar na compreensão dos gálatas sobre a salvação de Deus na história é a de um herdeiro que não pode usufruir de sua herança porque é menor de idade. Permanece sob o cuidado de seus tutores até atingir a maturidade estabelecida pelo pai (Gl 4, 1-2). Isso ocorre com a humanidade. Antes da vinda de Cristo, ela estava influenciada pelo elementos do mundo. A natureza, o sol, a lua, as estrelas etc, eram divinizados. O ser humano procurava se apoiar em tais ‘divindades’ (Gl 4,3). Assim como os judeus se apoiavam na lei (Gl 3, 19). Mas, na plenitude dos tempos, Deus envia o seu Filho unigênito para inaugurar o tempo messiânico, quando ele assume a condição humana. Nasce num determinado contexto histórico, social e religioso.

Vimos no texto de hoje que pela fé todos temos acesso à salvação em Cristo. No Batismo, recebemos nova identidade, maior que as distinções de gênero, raça ou classe. Em Cristo, somos uma unidade. No próximo e último artigo, refletiremos sobre a importância de testemunhar esta fé recebida