Testemunhar a fé

Com este 4° texto Pe Adilson encerra a série de artigos onde faz uma breve apresentação da Carta aos Gálatas.

Do capítulo 5 em diante da Carta aos Gálatas, são Paulo discorre sobre a vida cristã. Primeiramente, ela é vivida na liberdade, não aquela psicológica ou sociológica, de fazer tudo o que se deseja. Mas, da liberdade que vem da fé em Cristo (5,1). Ser livres é estar a serviço do outro, é amar o próximo. Podemos sempre contar com a ação do Espírito Santo em nós. Ele nos transforma em filhos de Deus e nos orienta para o amor (Gl 5, 16-18). O único fruto do Espírito é o amor, que se expressa de muito modos (Gl 5, 22-23).

Outro tema é o da justiça. Nós a recebemos no Batismo. Por isso ela se concretiza quando na vivência da fé e do amor ao próximo e a Deus. Não aderir a Cristo impossibilita o verdadeiro amor. Daí surgem as impurezas, idolatrias e divisões. A vida sem Cristo culmina na degradação da pessoa humana e nas suas relações com o outro. Quem está em Cristo é nova criatura e nele opera o Espírito Santo, concedendo seus divinos atributos da paciência, bondade, benevolência, fidelidade, misericórdia, mansidão.

O apóstolo também fala sobre o agir cristão, sobre a caridade. Deixa claro que não é fruto de um esforço humano, um voluntarismo de nossa parte. Mas, a caridade nasce da profunda relação com Cristo Jesus, da experiência de ser amado, redimido por Ele, envolvido por seu amor. Por esta experiência somos impulsionados a também amar o próximo. É impossível experimentar tamanho amor e continuar acomodados em nosso egoísmo.

No capítulo 6, 1-10, são Paulo reflete sobre as relações comunitárias, o amor mútuo e a correção fraterna. Essa correção deve ser feita por aqueles mais maduros na fé. Mas, antes de corrigir o irmão, é necessário avaliar as motivações que levam àquela correção (Gl 6,3). Tenha-se presente as próprias limitações, para que seja realmente por amor ao irmão e não por vanglória, pois a vanglória é contrária à fé. Neste contexto, Paulo pede aos cristãos que carreguem o peso uns dos outros. Isto implica em permanecer unidos nas desventuras, dores físicas, insucessos, fragilidades morais, solidão, doenças, frustrações. Todas estas atitudes sejam motivadas pelo desejo sincero de fazer o bem a todos.

Na conclusão desta Carta (6, 11-18), Paulo se despede exortando os cristãos a não buscarem a glória em si mesmos, mas a viverem como novas criaturas, que nasceram da doação da vida de Jesus Cristo na cruz. O desejo profundo do apóstolo é que os gálatas retornem à experiência do Batismo, acreditem profundamente que Jesus crucificado é o Messias, o Filho de Deus revelado no Jesus humano. Ele que foi-nos enviado pelo amor gratuito de Deus para a salvação de todos.

Com este artigo, concluímos esta breve apresentação da Carta de São Paulo aos Gálatas. A atualidade deste texto sagrado pode trazer grande luz para muitas questões que ainda hoje afligem a humanidade e, por consequência, a todos nós Batizados. Permanecem e até aumentam as fraturas nas nossas relações comunitárias. Esta Carta nos permite identificar muitas causas para estas feridas, que podem se resumir à falta de fé e de adesão ao Nosso Senhor e redentor Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, permanece o convite a recomeçar com renovada disposição de espírito a viver como novas criaturas, pois somos redimidos no amor.