Epifania do Senhor

Reflexão da Liturgia Dominical

A oração do dia da solenidade da Epifania do Senhor diz no seu início: “Ó Deus, que revelastes o vosso Filho às nações, guiando-as pela estrela”. Epifania, do grego epifaneim, quer dizer revelar, manifestar. Na liturgia, esta festa celebra o fim do tempo natalino, com a manifestação de Jesus a todos os povos, simbolizada nos magos do Oriente. Na tradição popular, é uma festa conhecida como dos santos reis. Celebramos a revelação da bondade de Deus que quer salvar e redimir os povos. Jesus é apresentado como o caminho da salvação para todos, “o sol nascente, para iluminar os que estão nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1,78.79).

“Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor... Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora” (Is 60, 1.3).

A imagem da luz é familiar nas Sagradas Escrituras, quase sinônimo de vida. É a primeira coisa a ser criada (Gn 1,3). A luz é símbolo da salvação, esplendor da glória de Deus. Era aplicada também à Lei, à Palavra, à justiça (Sl 119,105; Pr 4,18). A cidade de Jerusalém é lugar de luz (Is 60,1.3). No futuro, segundo o Apocalipse de João, “a cidade não precisa de sol nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus a ilumina, e a sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23).

O Senhor é nossa luz e salvação (Sl 27,1), nele não há trevas” (1 Jo 1,5). O futuro que Deus oferece é Ele mesmo, presente em nosso meio, iluminando a nossa vida (Ap 22,5).

Na Epifania acolhemos Jesus como a luz do mundo que ilumina a vida dos seres humanos (Jo 1,9; 3,19; 8,12; 12,35-36.46). Ele é luz enquanto comunica a vida de Deus, o amor, a verdade e a salvação.

Pelo Batismo somos iluminados e participamos da luz que é Cristo. Somos “filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas” (1 Ts 5,5). Somos portadores da luz de Jesus, da sua sabedoria, da verdade e da vida. A nossa missão, através das boas obras, é fazer transparecer a presença luminosa de Cristo, presente em nós.  

“Outros éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade, de justiça e de verdade” (Ef 5,8-9). “Fazei tudo sem murmurar nem comentar, para que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração perversa e corrupta, na qual brilhais como luzeiros no mundo” (Fl 2,14-15).

Se considerarmos o itinerário catequético de Mateus 2,1-12, acolher Jesus como luz, é fazer o caminho dos magos do Oriente: deixando comodidades, superando distâncias, vencendo com fé e esperança os obstáculos e dificuldades que se apresentam, tendo clareza e discernimento na direção, sendo atraídos e cativados por sua estrela e colocando-nos a caminho. Quando encontramos Jesus, reconhecemos nele a Deus como único Senhor, o sentido de nossa existência, oferecemos nossas homenagens, nosso amor e serviço. Quem encontra Jesus, refaz a vida, tem atitudes novas, deixa-se guiar pelo Espírito.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.