26º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Reflexão da Liturgia Dominical.

Em Lucas 16,19-31 Jesus conta aos fariseus a parábola do rico e do pobre Lázaro. Esta estória só aparece neste Evangelho. Ela apresenta duas realidades diferentes. O objetivo é salientar a mudança de situação: após à morte, Lázaro é levado pelos anjos ao lado de Abraão, enquanto que o rico sofre os tormentos da ausência de Deus. 

A parábola é um apelo à conversão. A riqueza pode gerar no coração do ser humano a dureza, a indiferença e a insensibilidade diante das necessidades dos outros. Quem coloca os bens no centro da vida, afasta-se de Deus e dos irmãos. A conversão significa misericórdia, solidariedade e caridade ao próximo.  

Uma outra lição importante aparece no diálogo do rico com Abraão, revelando que a vontade de Deus se encontra na Palavra revelada: “Eles têm a Moisés e os profetas, que os escutem” (Lc 16,29). Moisés e os Profetas representam duas grandezas do Antigo Testamento, a Lei e a Profecia. Quem os escuta, escuta o próprio Deus.

A Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação divina, diz que “as divinas Escrituras sempre foram veneradas como o próprio Corpo do Senhor pela Igreja” (DV, 21). Ele nos fala e nos comunica o seu amor e a sua vontade na Palavra. Para os cristãos, a Bíblia é sustento, vigor, luz, firmeza de fé, alimento para o caminho.

As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – 2019-2023, apresentam quatro pilares que caracterizam a identidade cristã e sustentam a espiritualidade e a missão: um deles é a Palavra. O Documento ressalta a importância da iniciação à vida cristã e animação bíblica da vida e da pastoral, como adesão a Jesus Cristo, tendo como centralidade a Palavra de Deus, priorizando a leitura orante.

Entre as principais tarefas da Igreja está a pregação da Palavra. Este serviço tem uma importância fundamental em sua missão. Ela ensina pelos textos bíblicos para que todos se encontrem e conheçam o Senhor e sua vontade, pois Ele é o centro do ministério da Palavra. A missão profética da Igreja é anunciar a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Ela prega o próprio Deus que se comunica à humanidade na pessoa de Jesus, a verdade que conduz à liberdade.

Jesus é a “Palavra que se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14), é o “caminho, a verdade e a vida” Idem, 14,6). Seus sentimentos, pensamentos, opções, atitudes e gestos devem ser os nossos. Sua prática nos orienta e nos conduz. Seus ensinamentos nos ajudam a discernir os apelos e a vontade de Deus. A fé em Jesus é a garantia de vivermos dignamente com segurança o tempo presente e nos abrirmos à eternidade com Deus. Quem faz a sua vontade é irmão, irmã e mãe de Jesus (Mc 3,35). Somos da família de Jesus quando fazemos a vontade do Pai, presente na Palavra.

Amós 6,1ª.4-7 e 1 Tm 6,11-16 apresentam a vontade de Deus: justiça, piedade, fé, caridade, constância, mansidão. Em outras palavras, observar os mandamentos.

Deus nos espera na Eucaristia. Transmite-nos a sua Palavra e nos alimenta com o seu Corpo e Sangue. Nela, reforçamos a nossa adesão à vontade do Pai. Que o Senhor derrame sobre nós a sua graça, para que caminhando ao encontro de suas promessas, alcancemos os bens que Ele nos reserva.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo diocesano.