O Evangelho de João oferece-nos o maravilhoso diálogo de Jesus com uma mulher, e sobretudo uma samaritana, quem sabe desiludida com a sua vida, talvez insatisfeita, continuamente à procura de uma "fonte" que lhe pudesse finalmente dar sentido, plenitude de vida. Jesus está sentado à beira do poço, na hora mais quente do dia, quando não há ninguém na rua: mas é nessa hora que acontece o encontro. É Ele quem dá o primeiro passo, é Deus que nos procura e que nos fala, vem onde estamos, nas nossas misérias e sofrimentos. 

O poço, local em torno do qual naquele tempo as pessoas se reuniam tanto para as relações sociais como para tirar água,.. a mulher, naquela época não muito considerada e ainda por cima uma samaritana,.. hora do rush do meio-dia que faz sentir mais a sede e a necessidade de saciá-la.

Essa mulher havia sido abandonada várias vezes e por isso estava decepcionada, desiludida com os afetos e com a experiência feita em seus relacionamentos. Todos temos sede de verdade, de luz, de paz, de vida, sede esta proveniente do coração. Mas, estamos dispostos a deixar Jesus entrar em nossas vidas e saciar nossa sede com o seu Amor? 

“Se há uma sede física indispensável para viver nesta terra, existe na pessoa humana também uma sede espiritual que só Deus pode satisfazer. Jesus dá início na vida da mulher samaritana um caminho interior que faz sobressair nela o desejo de algo mais profundo, isto é, uma sede de infinito que só pode ser saciada com a água que Jesus oferece, a água viva do Espírito. Jesus lhe proporcionou o grande dom da fé, que acendeu nela a chama do amor de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, no diálogo entre Jesus e a Samaritana vemos traçado o percurso espiritual que cada um de nós e cada comunidade cristã está chamada a redescobrir e a percorrer na caminhada de Fé. 

A fadiga de Jesus, sinal de sua verdadeira humanidade, pode ser vista como prelúdio da Paixão, com a qual Ele completou a obra da nossa redenção. Aqui nos vem a lembrança do brado de Jesus no alto da Cruz: “Tenho sede” (Jo 19,28). Deus Pai enviou o seu Filho ao mundo para saciar a nossa sede de Vida Eterna. “Aquele que beber da água que eu lhe der, jamais terá sede. A água que eu lhe der se tornará nele fonte de água a jorrar para a Vida Eterna”(Jo 4,14). 

Fonte: Pe. Guido Santagata e Homiliário, Ano A, Bento XVI. 

Colaboração: Pe Mário Reis Trombeta, Paróquia Cristo Rei, Orlândia/SP.