Domingo de Ramos da Paixão do Senhor 2023

Reflexão da Liturgia Dominical.

Quando vamos a algum lugar ou visitamos alguém, gostamos de ser bem recebidos. Uma boa acolhida nos deixa tranquilos, queridos, valorizados e mais à vontade. O Domingo de Ramos da Paixão do Senhor inicia a Semana Santa, centro da fé e da espiritualidade cristã. As portas da Igreja se abrem para nos acolher bem e poder viver as suas celebrações. A cerimônia é uma chave de leitura para se entender todo o mistério da Páscoa.

O que marca o Domingo de Ramos é a ideia do senhorio de Jesus Cristo, que entrou em Jerusalém com seus discípulos, montado num jumentinho, potro de jumenta, (Mt 21,1-11) e foi aclamado e saudado pelos peregrinos à entrada da cidade, como aquele que vem em nome do Senhor. É um rei que se apresenta de modo simples e desapegado, para fazer a oferta de si mesmo. Veio com amor, dócil à vontade do Pai. Aceitou o sofrimento para nos levar até Deus. Superou a maldade humana com sua bondade e misericórdia.

As leituras da missa (Is 50,4-7; Sl 21; Fl 2,6-11; Mt 26,14-27,66) apresentam a pessoa de Jesus sofredor, obediente e fiel ao Pai, na sua missão de se oferecer como vítima inocente para nos salvar: “Carregou nossos pecados em seu próprio corpo, sobre o lenho da cruz, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça” (1 Pd 2,24). É a paixão do Filho de Deus, que se humilhou, despojou-se de tudo, até da própria vida por causa da sua missão. Por isso, o Pai o exaltou acima de tudo. Agora, “ao nome de Jesus, todo o joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai” (Fl 2,10-11).

Proclamando e vivendo a nossa fé em Jesus como Senhor e salvador, entramos no mistério da Semana Santa, com ânimo e generosidade, deixando o Espírito agir em nós, através da palavra, das orações, dos sinais, das pessoas e do mistério eucarístico. Somos convidados a reconhecer a entrada de Jesus em nossa vida, ele o único que pode dar sentido à nossa existência. Quando o acolhemos recebemos o amor, a vida e a salvação.

Quem me ensinou as coisas de Deus e da Igreja? Quais as visitas que o Senhor fez em minha vida? O que significa seguir a Jesus?

O Senhor tem desejo de celebrar a Páscoa conosco, de fazer parte de nossa vida e de ser o centro de nossa história. No mistério da Semana Santa que iniciamos, cada um pode fazer esse caminho: acolher a redenção que Cristo nos mereceu; chorar a sua agonia; estar em comunhão com aquele que ofereceu sua vida por nós. A nossa participação nos sofrimentos de Cristo deve fazer crescer em nós o santo temor de Deus: enquanto houver pecado a paixão dele continua, enquanto participamos do pecado, necessitamos de redenção. Deixemos crucificar com Cristo a pessoa velha para surgir o novo que vive segundo o Espírito. Devemos ser solidários com os que sofrem, ser sinais de esperança, assim seremos glorificados com ele.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.