5º Domingo da Páscoa 2023

Reflexão da Liturgia Dominical

João 14, 1-12 faz parte de um conjunto de textos que tratam da glorificação de Jesus. No contexto da celebração da Ceia com os Doze, no cenáculo, Ele realizou um gesto desconcertante, lavando os pés dos discípulos. Foi um ato de amor e humildade: Jesus amou, servindo. Após o gesto, temos uma espécie de catequese, com exortações e orientações do Mestre, suas últimas lições, antes de sua morte. No centro da catequese está o mandamento novo: a prática do amor.

Diante do vazio provocado pela sua “suposta” ausência, Jesus transmitiu palavras de consolo: “Não se perturbe o vosso coração” (Jo 14,1). São palavras dirigidas também a nós: não há o que temer, pois Deus nunca nos abandona. O próprio Mestre nos garante que vai estar conosco “até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Ele está presente com o seu Espírito, nosso companheiro inseparável, remédio para o medo e a solidão. Portanto, não se perturbar significa acreditar plenamente no amor de Cristo, não se deixar vencer pelos próprios limites e fraquezas e prosseguir com firmeza na missão. Quando o nosso coração está em Deus, perde o medo, pois conta com uma força maior.

“Tendes fé em Deus, tende fé em mim também” (Jo 14,1). Se há um pressuposto na vida cristã, este é a fé, um bem mais precioso que temos, pois por esta virtude teologal, acreditamos em Deus, no seu amor e em tudo o que ele nos revelou e que a santa Igreja, através do seu Magistério, nos propõe a crer. Pela fé voltamos nossa vida a Jesus Cristo, às origens do essencial, retomamos o coração da sua mensagem, presente nos Evangelhos. Sem fé não há vida cristã. Ela é dom do Espírito, mas precisa ser proclamada, acolhida, aprofundada, celebrada e vivida. Precisamos transmitir uma fé capaz de dar esperança para sustentar a vida do povo.  

Depois de falar do lugar preparado e reservado aos discípulos, diante da pergunta de Tomé ignorando o caminho para o mesmo, Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).

Caminho indica direção, rumo, faixa de terreno que leva ou conduz de um lugar a outro. Jesus é o caminho que conduz a Deus, pois é o único que o conhece e lhe atinge a intimidade. Por isso, é o único capaz de o revelar. Olhar para Jesus é olhar para o Pai. Ele é o espelho no qual contemplamos o seu rosto. Chegamos a Deus por Jesus quando olhamos a sua vida, ouvimos a sua voz e seguimos os seus exemplos. Há uma sintonia de Jesus com o Pai, que tem como referências básicas a obediência, a fidelidade, a prática da bondade e do mandamento do amor. No encontro com as pessoas, Jesus revela esse amor. Preocupa-se com a dor humana, com os pobres e sofredores e sua salvação.

A verdade é uma propriedade que caracteriza o ser. Jesus é a verdade porque revela Deus. A mentira esconde e engana. Não é de Deus. Jesus é a verdade como Filho fiel e obediente. Ele é a autêntica, a perfeita e plena revelação de Deus. Só Ele nos introduz na comunhão com o Pai e na santidade.

A verdadeira vida só se encontra em Deus. Jesus é a vida, cuja fonte é o Pai. Viver é entrar na intimidade e no conhecimento de Deus, que tem Jesus como caminho e verdade.

A intervenção de Felipe é de quem não entendeu o mistério que é Jesus. Quer algo maravilhoso. Jesus mostra porque ele é a manifestação de Deus: as suas obras revelam a sua divindade. “Quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas” (Jo 14, 12). A ida de Jesus para o Pai irá tornar fecunda a tarefa dos discípulos, possibilitando que os mesmos realizem prodígios maiores. O Espírito será a fonte e a força dessa missão. 

Atos 6,1-7 narra a expansão da comunidade cristã no meio dos judeus helenistas. Apresenta alguns desafios e ensina a partilha das responsabilidades dentro da comunidade. Ela deve se preocupar com o anúncio da Palavra e o atendimento aos pobres.

1 Pedro 2,4-9: O apóstolo fala da dignidade do povo constituído em Cristo. Ele é a pedra fundamental, o ponto de referência. Todos os cristãos participam do seu sacerdócio, pois pertencem a Ele, são templos de Deus, o sacerdócio real, a nação escolhida e santa.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.