11º Domingo do Tempo Comum 2023

Reflexão da Liturgia Dominical

Mateus 9,36-10,8 trata da missão dos doze discípulos, que brota de um sentimento de Jesus: a compaixão. Ele é o Bom Pastor que se compadece do rebanho, olha com ternura de coração e se preocupa com a situação: é preciso fazer alguma coisa.

O trabalho apostólico procura responder a uma necessidade: a messe é grande e os trabalhadores são poucos. Jesus conta com a colaboração dos discípulos. É o Espírito Santo que possibilita a evangelização, ela é dom de Deus.

Jesus chamou e constituiu os Doze. O número recorda as doze tribos de Israel. Todos são convocados e chamados a servir.

Conteúdo da missão: libertar as pessoas dos espíritos impuros, curar as doenças e enfermidades; ressuscitar os mortos e purificar os leprosos.

Campo da missão: “as ovelhas perdidas da casa de Israel”, são os primeiros destinatários. Essas ovelhas perdidas, que se encontram à margem, precisam ser congregadas.

Característica da missão: a gratuidade. Os missionários devem ser desapegados, não há privilégios, poder, sucesso ou fama, mas serviço gratuito. A sobriedade caracteriza o discípulo missionário a caminho.

A iniciativa do chamado é do Senhor. A vida, segundo o Espírito, é o centro do Evangelho e da missão de Jesus. Não somos donos da messe, mas Deus. A nossa incumbência é responder com fé, confiança, generosidade, abertura e espírito de serviço. Ser discípulo missionário é graça de Deus. O único válido é fazer o que ele quer e quando ele quer, isto é, fazer a sua vontade.

A intimidade com Jesus é o alimento para a missão: o apostolado requer oração e contemplação. Os discípulos são convocados para uma tarefa, que exige a santidade, onde a confiança é maior que as deficiências. É a comunhão com o Senhor que produz a santidade e o apostolado. Deus nos chamou a uma vocação porque nos ama e confia em nós. A prova “de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,8). A certeza desse amor é o motor que nos impulsiona na missão.

A missão brota de uma realidade de necessidade: daí a compaixão, a misericórdia, a caridade pastoral como atitudes fundamentais, inspiradas em Jesus, o “supremo pastor” (1Pd 5,4). Ninguém pode ser excluído da caridade pastoral, mas há setores que necessitam de cuidados especiais, como os mais pobres, as famílias, as crianças, os jovens e os idosos. O Documento de Aparecida fala de rostos sofredores que devem “doer em nós”: pessoas que vivem na rua, migrantes, enfermos, dependentes de drogas, os detidos em prisões (DAp, 407-430).

É muito importante o testemunho de vida, que fala mais que as palavras. É a santidade de vida que dá consistência e autoridade à missão, que necessita de pessoas de “boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria” (At 6,3), uma “nação santa” (Ex 19,6). O único argumento de autoridade válido é a autoridade da vida.

Os missionários são portadores da Boa Nova do Reino, da verdade e justiça de Jesus. Continuam a sua missão. Anunciar o Reino é comunicar Deus, a salvação, a justiça, a paz, a alegria, a liberdade e a vida.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.