Epifania do Senhor 2024
Reflexão da Liturgia Dominical
A oração coleta da missa da solenidade da Epifania do
Senhor diz no seu início: “Ó Deus, que hoje revelastes o vosso Filho Unigênito
às nações, guiando-as pela estrela”. Epifania, do grego epifanein, quer dizer manifestar, revelar. Na liturgia, esta festa
celebra o fim do tempo natalino, com a manifestação do Senhor Jesus como luz a
todas as nações, representadas pelos magos do Oriente. Na tradição popular, é
uma festa conhecida como dos santos reis. Celebramos a revelação da bondade de
Deus que quer salvar e redimir todos os povos. Jesus é apresentado como o
caminho da salvação para todos, “o sol nascente, para iluminar os que estão nas
trevas e na sombra da morte” (Lc 1,78.79).
“Levanta-te, acende as luzes,
Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor... Os
povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora” (Is 60, 1.3). A
imagem da luz é familiar nas Sagradas Escrituras, sinônimo de vida. É a
primeira coisa a ser criada (Gn 1,3). A luz é símbolo da salvação, esplendor da
glória de Deus. Era aplicada também à Lei, à Palavra, à justiça (Sl 119,105; Pr
4,18). A cidade de Jerusalém é lugar de luz (Is 60,1.3). No futuro, segundo o
Apocalipse de João, “a cidade não precisa de sol nem de lua que a iluminem,
pois a glória de Deus a ilumina, e a sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23). O
Senhor é nossa luz e salvação (Sl 27,1), “nele não há trevas” (1 Jo 1,5). O
futuro que Deus oferece é Ele mesmo, presente em nosso meio, iluminando a nossa
vida (Ap 22,5).
Na Epifania acolhemos Jesus como
a luz do mundo que ilumina a vida dos seres humanos (Jo 1,9; 3,19; 8,12;
12,35-36.46). Ele é luz enquanto comunica a vida de Deus, o amor, a verdade e a
salvação.
Pelo Batismo somos iluminados e
participamos da luz que é Cristo. Somos “filhos da luz e filhos do dia. Não
somos da noite nem das trevas” (1 Ts 5,5). Somos portadores da luz de Jesus, da
sua sabedoria, da verdade e da vida. A nossa missão, através das boas obras, é
fazer transparecer a presença luminosa de Cristo, presente em nós.
“Outros éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos
da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade e de justiça e de verdade”
(Ef 5,8-9). “Fazei tudo sem murmurar nem comentar, para que sejais
irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração
perversa e corrupta, na qual brilhais como luzeiros no mundo” (Fl 2,14-15).
Se considerarmos o itinerário
catequético de Mateus 2,1-12, acolher Jesus como luz, é fazer o caminho dos
magos do Oriente: deixando comodidades, superando distâncias, vencendo com fé e
esperança os obstáculos e dificuldades que se apresentam, tendo clareza e
discernimento na direção, sendo atraídos e cativados por sua estrela e
colocando-nos a caminho. Quando encontramos Jesus, reconhecemos nele a Deus
como único Senhor, o sentido de nossa existência, oferecemos nossas homenagens,
nosso amor e serviço. Quem encontra Jesus, refaz a vida, tem atitudes novas,
deixa-se guiar pelo Espírito, torna-se luz do mundo (Mt 5,14).
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.