O lugar da Sagrada Escritura na Liturgia

Liturgia

Está registrado nos anais da história da Santa Igreja Católica que por determinação de São João XXIII,  em cada abertura de sessões solenes do Concílio Vaticano II, seria entronizado na Basílica Vaticana os livros dos Evangelhos e ganhariam durante todo o Concílio um lugar de destaque. Esse fato histórico é importante, pois vemos que desde o início no Concílio se quis dar à Palavra de Deus um lugar central. Ora, no que tange a Sagrada Liturgia, fora feita da mesma maneira.

As celebrações cristãs sempre tiveram uma presença constante da Palavra de Deus e isso fora herdado da sinagoga, uma vez que em toda celebração judaica se tem essa presença constante da Palavra de Deus, dirigida ao seu povo no ontem e no hoje da história.

Acontece que como em outros aspectos do culto cristão a Palavra de Deus foi ao longo dos anos perdendo o seu lugar de destaque, perdendo a sua centralidade, perdendo a sua importância, sobretudo em detrimento de se querer centralizar o aspecto sacrifical da Santa Missa, acabou-se perdendo a riqueza e a importância da Palavra de Deus dentro da celebração Eucarística.

Por isso, no documento Sacrossanctum Concilium os padres conciliares precisaram em um parágrafo reafirmar a importância e a centralidade que a Sagrada Escritura precisaria tomar na reforma litúrgica empreendida pela Igreja desde então:

“É enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é a ela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espírito e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação as ações e os sinais. Para promover a reforma, o progresso e adaptação da sagrada Liturgia, é necessário, por conseguinte, desenvolver aquele amor suave e vivo da Sagrada Escritura de que dá testemunho a venerável tradição dos ritos tanto orientais como ocidentais .”

Além de devolver a centralidade da Palavra de Deus, o Concílio também quis oferecer aos fiéis uma variedade de textos bíblicos para que assim os fiéis pudessem experimentar a riqueza que é própria da Sagrada Escritura. Neste sentido, torna-se evidente aos fiéis a necessidade de bem se alimentarem também da mesa da Palavra:

“Prepare-se para os fiéis, com maior abundância, a mesa da Palavra de Deus: abram-se mais largamente os tesouros da Bíblia, de modo que, dentro de um período de tempo estabelecido, sejam lidas ao povo as partes mais importantes da Sagrada Escritura. ”

Com isso, torna-se claro o lugar central que tem a Palavra de Deus realçado pelo Concílio. Por esta razão, no próximo artigo vamos ver a ligação entre liturgia da Palavra e liturgia Eucarística.


Pe. Danilo Juscelino da Silva
Cerimoniário episcopal, professor de liturgia no Seminário Propedêutico e membro do SEDAL.