Ascensão do Senhor

Por entre aclamações Deus se elevou (Sl 46,6)

A Palavra de Deus descreve o fato da ascensão de Jesus, isto é, a transferência para o céu do seu corpo glorioso (Mc 16,19; Lc 24,51; At 1,2.9). Outras referências falam da exaltação de Jesus e sua digna condição de estar de pé, sentado, ou apenas à direita de Deus (At 7, 55; Rm 8,34; Ef 1,20; 2,6; Cl 3,1; 1 Pd 3,22). No Credo professamos a nossa fé na ascensão de Jesus: afirmamos que ele “subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. O Catecismo da Igreja Católica diz que “a ascensão de Cristo assinala a entrada definitiva da humanidade de Jesus no domínio celeste de Deus, de onde voltará, até lá, no entanto, o esconde aos olhos dos homens” (CIgC, 665).

A ascensão é a celebração da exaltação do senhorio de Jesus, é o coroamento da sua caminhada entre nós. Ele agora está em plena comunhão de vida e de poder com o Pai, sentado à sua direita, no seu mistério, no seu ser, na sua soberania. A glorificação do Senhor Jesus não se explica com a razão humana, só os olhos da fé nos levam a celebrar a sua glória e senhorio.

A festa solene da ascensão de Jesus nos leva a meditar duas dimensões essenciais da nossa fé. Contemplamos o Senhor na sua glória, nosso desejo é o céu, nossa mente e o nosso coração se voltam para o alto, para onde está Cristo, sentado à direita de Deus. “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus” (Cl 3,1); “Somos cidadãos dos céus. De lá aguardamos como Salvador o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3,20). Em Jesus, a nossa natureza foi exaltada. Celebramos essa graça na fé e no desejo. Deus é o nosso desejo, só nele encontramos a verdadeira felicidade.

Buscamos as coisas do alto, onde está Cristo, mas a nossa missão se realiza no tempo. Somos peregrinos da fé, e procuramos lançar na terra as sementes do Evangelho. Com a força do Espírito Santo que Jesus derramou sobre nós, somos chamados a ser suas testemunhas (Mc 16, 15.20; At 1,5.8)

O Batismo nos insere no corpo do Senhor, somos filhos e filhas de Deus, participamos da sua vida. Subimos ao céu com Jesus, mas enquanto não se realiza plenamente em nosso corpo o que o Pai prometeu, estamos em missão.

Rezemos pelo 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”. Na sua mensagem, o Papa Francisco chama a atenção sobre o futuro da espécie humana na era das inteligências artificiais. E pergunta: “Como podemos permanecer plenamente humanos e orientar para o bem a mudança em curso?” Com a sabedoria do coração, para evitar um tempo rico em técnica, mas pobre em humanidade. É preciso um olhar espiritual para esta novidade e descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana. O Espírito Santo permite ver as coisas com os olhos de Deus. A inteligência das máquinas tem o seu valor, mas deve ser regida pela sabedoria e discernimento humanos. A técnica, com suas grandes possibilidades, pode ser acompanhada de muitos riscos, mas deve ser também instrumento de amoroso serviço; os sistemas de inteligência artificial contribuem para o processo de libertação da ignorância e facilitam a troca de informações entre diferentes povos e gerações. É preciso uma regulamentação ética do seu uso.

Para não perder a humanidade, é preciso que o ser humano procure a Sabedoria que existe antes de todas as coisas, que passando através dos corações puros, prepara amigos de Deus e profetas. Os sistemas da inteligência artificial devem gerar uma comunidade plenamente humana.

Que Deus abençoe e ilumine todos os profissionais da comunicação.

Rezemos por aquelas que por amor nos deram a vida, nossas mães.


Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.