Santíssima Trindade

"Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça!" (Sl 32,22).

A Santíssima Trindade é o “mistério central da fé e da vida cristã. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina” (CIgC, 234).

Todo o cristianismo leva a marca da Trindade: por mandato e autoridade de Jesus, fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19); iniciamos e encerramos as nossas celebrações e orações em nome da Trindade Santa; glorificamos a Deus Pai e ao Cordeiro, com o Espírito Santo; cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso... em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus... e no Espírito Santo, Senhor que dá a vida.

A Missa, oração das orações, tem uma fundamentação trinitária: estabelecemos um diálogo entre nós e o Pai, feito por meio de Jesus Cristo, à luz e com a força do Espírito Santo. O Cânon é uma oração dirigida ao Pai, por meio de Cristo no Espírito Santo. E encerramos a Oração Eucarística, rendendo honra e glória a Deus Pai, por Cristo, na unidade do Espírito Santo. Os demais sacramentos têm a marca da Trindade. É o mistério cristão por excelência.

Quem revelou a Trindade Santa foi Jesus. Ele nos ensinou a chamar a Deus de Pai, Abbá. “Podemos invocar a Deus como ‘Pai’, porque Ele nos foi revelado por seu Filho, feito homem, e porque seu Espírito nos leva a conhecê-lo” (CIgC, 2780). Somos filhos do Pai querido, no Filho Jesus Cristo, pela inspiração do Espírito Santo. “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus... E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm 8,14.17).

Nenhum bem podemos encontrar fora de Deus, diz o salmista (Sl 16,1). Quem o encontrou, não precisa mais procurar um sentido para viver, porque nele realiza o sentido profundo da sua vida. Por isso, procurar a Deus não é sinal de fraqueza humana, mas expressão de inteligência. Só a obediência a ele e a amizade com ele são capazes de dar sentido à nossa existência e nos ajudar a ordenar tudo para o amor.

O nosso coração foi feito para estar em sintonia com a Trindade Santa, pois não vivemos sem o amor do Pai que nos criou, que integra a nossa vida e dá sentido à nossa existência; sem a graça de Jesus Cristo que nos cura e nos redime de todo o mal e nos salva; sem a comunhão com o Espírito Santo que habita em cada um de nós, santifica e nos fortalece para a missão.

Quando celebramos a comunhão com a Trindade somos contagiados pelo amor sem medidas do Pai, pela solidariedade do Filho e pela unção do Espírito. É uma presença divina que perdura para sempre (Mt 28,20). “É o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra”, e não há outro além dele. O caminho da felicidade, da perenidade e da santidade é guardar as suas leis e seus mandamentos (Dt 4,39.40). “No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção!” (Sl 32(33), 20).

A Trindade é uma perfeita comunhão de amor. Quando entramos em diálogo com as pessoas divinas, somos também chamados a viver entre nós essa mesma experiência.


Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.