Pentecostes 2021

Reflexão da liturgia do Domingo de Pentecostes

A festa de Pentecostes conclui o Tempo da Páscoa. Para os israelitas, Pentecostes era uma festa da roça, ligada às colheitas (Lv 23,10). Mais tarde tornou-se uma festa religiosa, para recordar o dia em que Moisés recebeu a Lei das mãos do Senhor, no monte Sinai. Para os cristãos, Pentecostes celebra a experiência narrada por Lucas nos Atos dos Apóstolos (At 2,1-11), onde os discípulos receberam o Espírito Santo, cinquenta dias depois da Páscoa. Este fato marcou o nascimento da Igreja e a marcha do testemunho.

O Evangelho de João apresenta a manifestação de Jesus aos apóstolos (Jo 20,19-23). Somos convidados a acolher: a presença de Jesus ressuscitado, a paz, a alegria, o perdão, a Igreja, a cura do medo, a missão e o testemunho. Mas o dom maior é o próprio Espírito. Em João temos outro Pentecostes, no contexto da Páscoa.

Quem é o Espírito Santo?

Em uma de suas viagens missionárias, quando estava em Éfeso, Paulo encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: “Vós recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé”? Eles responderam: “Nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo!” (At 19,1-2). Será que conosco acontece a mesma coisa? Sabemos que existe o Espírito Santo. Mas muitos não possuem uma compreensão clara da teologia do Espírito.

O Espírito é a tradução de Ruah, que significa vento. Esta imagem serve para exprimir poder, liberdade e transcendência. Significa também respiração. A imagem do sopro lembra a bondade, a delicadeza e a quietude do Espírito Divino. A respiração é aquilo que há de mais íntimo e vital no ser humano.

O Espírito Santo é uma pessoa. É a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, procede do Pai e do Filho, é consubstancial ao Pai e ao Filho.

O Espírito de Deus é Santo, pois a natureza de Deus é a santidade.

Ele é criador. É o princípio da criação das coisas. Transforma o caos em harmonia. Ele “cria e renova a face da terra”. Gera unidade e comunhão.

É o Paráclito, o intercessor, o consolador, o advogado. Age em nosso favor, auxilia, protege, consola e sustenta.

O Espírito é a fonte de água viva. Age no batismo. É também o fogo que purifica, transforma e destrói em nós o pecado, gera a verdade.

É o amor, a unção divina, o doador dos dons.

Como o Espírito age em nós? Ele vem em nossa fraqueza. No Batismo e na Confirmação celebramos o dom do Espírito em nós. Somos marcados por sua presença e por sua unção. Ele nos concede dons para a nossa santificação - edificação pessoal e para o serviço na Igreja - missão. Ele nos faz novas criaturas para a santidade e para o apostolado. Sua graça maior é a caridade (1 Cor 13,8).

O Espírito age em nós, mas com a nossa participação. Daí algumas atitudes da nossa parte: desejo, docilidade, humildade, oração.

A ação do Espírito em nós é como o novo dia que inicia, com a luz que substitui as trevas da noite, trazendo esperança e paz.

Fazer a experiência do Espírito é entregar as rédeas da própria vida ou as chaves da própria casa a Deus

A ação do Espírito em nós nos leva a viver os frutos (Gl 5,22-23): amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio de si.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.