33º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Reflexão da Liturgia Dominical

No fim do Ano Litúrgico meditamos um tema próprio da liturgia, que é a parusia: o retorno glorioso do Senhor. Como a Igreja entende esse mistério?

Celebramos a presença de Jesus na história em duas dimensões diferentes: Ele veio a primeira vez na sua encarnação, anunciando, antecipando e aproximando o Reino de Deus. Jesus Cristo é a realização da salvação, com Ele, o tempo já começou e as realidades futuras iniciaram-se. Agora, somos convidados a construir o futuro. A ressurreição do Senhor colocou a história na plenitude dos tempos e nós somos chamados a participar dessa vitória. Tudo volta-se para Ele e para sua obra de redenção. Os cristãos comprometem-se com a vida, com as realidades terrestres, em marcha para a verdadeira Pátria.

“Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”, rezamos na liturgia. Jesus virá uma segunda vez, “para julgar os vivos e os mortos” e inaugurar “novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça” (2 Pd 3,13).

Marcos 13,24-32 faz parte do seu apocalipse. Essa palavra vem da língua grega, e quer dizer revelação, tirar o véu, tornar possível o discernimento. Há muitos textos apocalípticos na Bíblia, normalmente produzidos em épocas de crises, dúvidas e perseguições. A partir do recurso de sinais e imagens fortes ligados à natureza, o autor procura iluminar os fatos com a luz da fé. A intenção não é remeter ao futuro, mas transmitir conforto, ânimo, esperança, chamar a atenção e despertar a fé e a ação para o momento presente. O texto apocalíptico revela que Deus é o Senhor da história, age, salvando o seu povo fiel.

Marcos 13 descreve a destruição do Templo de Jerusalém e trata do futuro da comunidade cristã. É uma catequese sobre os fins dos tempos e o rumo da história. Narra a vinda do Filho de Homem, precedida de sinais: “O sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas” (Mc 13,24-25). As catástrofes descritas indicam a presença de Deus que age na história com poder sobre os elementos cósmicos: ele cria novos céus e nova terra. “O Filho do Homem” virá “nas nuvens com grande poder e glória” (Mc 13,26) para julgar os que rejeitam a proposta do Reino e salvar os eleitos.

Ao contar a parábola da figueira (Mc 13,28-21), quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, indicando a proximidade do verão, Jesus ensina que os acontecimentos revelam a vinda do Filho do Homem. Tudo passa, menos as palavras de Jesus e o Reino. Quanto ao dia e a hora, é um segredo que só cabe ao Pai (Mc 13,32).

As manifestações do Senhor, na sua encarnação e na sua glória, não são motivos de especulações, apreensões, apatia e medo. Quando Deus se revela, sua bondade, misericórdia e justiça, vão além das ameaças. O Senhor nos incentiva à vigilância e prontidão. Devemos viver intensamente o momento presente, fazendo o bem, praticando o amor e a fraternidade, esperando a manifestação gloriosa do Senhor.

Daniel 12,1-3 mostra que Deus é o aliado dos que se comprometem com a justiça: quem é fiel terá parte na vida de Deus e brilhará como as estrelas.

Jesus é o portador da salvação definitiva. O seu sacerdócio abriu um caminho de acesso ao Pai (Hb 10,11-14.18).

Na Eucaristia celebramos a memória do sacrifício de Cristo e nos comprometemos com o seu sacerdócio.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo diocesano.