Domingo da Páscoa 2023

Reflexão da Liturgia Dominical . Confira também as imagens da celebração presidida por Dom Paulo neste domingo (9).

Com o Domingo da ressurreição do Senhor iniciamos o tempo pascal. A Igreja nos convida a celebrar os cinquenta dias deste tempo, como se fossem um só dia de festa. “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 118,24). Vivemos com alegria e exultação a presença do Senhor ressuscitado.

Ser cristão é viver à luz da Páscoa, é caminhar com a força do Espírito. Ele deu a vida ao corpo de Cristo e dá a vida à Igreja e aos fiéis. “Quem está em Cristo, é criatura nova” (2 Cor 5,17), vive a vida nova (Rm 6,4), dada no batismo, na confirmação e na eucaristia, deve se esforçar para “alcançar as coisas do alto” (Cl 3,1), onde ele está, nos ensina o apóstolo Paulo.

A fé na ressurreição de Jesus Cristo é o fundamento do cristianismo. Este acontecimento ilumina a sua vida, sua missão, sua morte na cruz, o que diziam as Escrituras, e ilumina a missão da Igreja e a vida dos fiéis.

Alguns dizem que a ressurreição de Jesus Cristo é um mito, uma invenção dos apóstolos e da Igreja. Não se pode prová-la cientificamente, mas nem negá-la. Acolhemos o que vem da tradição: a descoberta do sepulcro vazio, a ideia do terceiro dia e principalmente as aparições e os encontros com o Senhor ressuscitado, que desde os primórdios da Igreja consolidaram a sua profissão de fé no Senhor ressuscitado: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e, ao terceiro dia, foi ressuscitado, segundo as Escrituras; e apareceu a Cefas e, depois, aos Doze” (1 Cor 15,3-5). Os fatos são narrados nos evangelhos e nos escritos dos apóstolos inúmeras vezes. É impossível que tanta gente tenha se equivocado ou inventado essa realidade.

As aparições são acontecimentos exteriores, mas tão impressionantes que ficaram gravados nas almas dos discípulos e mudaram completamente as suas vidas. Eles precisaram fazer essa experiência, pois haviam perdido a esperança. Após à morte de Jesus, ficou um vazio. Os encontros com o Senhor ressuscitado foram curando as feridas, as dúvidas, as decepções e o medo. Com o tempo, a sua presença foi criando raízes nos corações, e já não havia mais necessidade de uma presença visível de Jesus. Bastava a fé. Jesus ressuscitado é o mesmo que viveu e caminhou com os discípulos, mas agora ele “vive de modo novo na dimensão do Deus vivo; aparece como verdadeiro Homem mas a partir de Deus; e Ele mesmo é Deus” (Joseph Ratzinger, Bento XVI, Jesus de Nazaré, Principia, página 218).

Da nossa parte acolhemos o que recebemos da tradição dos nossos pais e mães da fé. “Se ouvirmos as testemunhas com coração atento e nos abrirmos aos sinais com que o Senhor não cessa de autenticar as suas testemunhas e de se atestar a si mesmo, então saberemos que ele verdadeiramente ressuscitou; ele é o vivente. A ele nos entregamos e sabemos que assim caminhamos pela estrada justa” (Idem, página 224).

O tempo da Páscoa que estamos iniciando quer nos educar para a presença interior de Jesus ressuscitado, em nosso coração. É uma experiência que nunca se esgota, não tem precisão da ciência para reforçá-la, mas requer da nossa parte fé, abertura e docilidade. Alguns falam de moral pascal: um caminhar segundo o Espírito, na obediência a Deus e escuta atenta e vivência da Palavra, na fé, vida de oração e sacramental, no amor, na acolhida, no perdão, na paciência, na alegria, na solidariedade, na responsabilidade, na paz e na vida fraterna. É caminhar na amizade e na santidade dos filhos e filhas de Deus.

Uma santa e feliz Páscoa a todos.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.


Confira na galeria as imagens da Celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor presidida por Dom Paulo, na Sé Catedral. Na oportunidade, os fiéis celebraram com ele seu aniversário natalício.